Cientistas japoneses disseram nesta segunda-feira que irão iniciar no próximo mês testes clínicos de tratamento para a doença de Parkinson, transplantando células-tronco "reprogramadas" para o cérebro na busca de um avanço no combate ao distúrbio neurodegenerativo. A doença é causada pela falta de dopamina produzida por células cerebrais, e pesquisadores, há muito tempo, tentam usar células-tronco para restaurar a produção normal do químico neurotransmissor.Leia também: Mais de 200 mil pessoas apresentam mal de Parkinson no Brasil Em 2017, pesquisadores da Universidade de Kyoto, no Japão, conseguiram usar células-tronco pluripotentes induzidas (iPS) para restaurar células cerebrais funcionais em macacos, o que motivou os testes clínicos. As chamadas células iPS são produzidas removendo células maduras de um indivíduo - muitas vezes da pele ou do sangue - e as reprogramando para se comportarem como células-tronco embrionárias. Elas podem, então, ser transformadas em células cerebrais produtoras de dopamina. "Esse será o primeiro teste clínico usando células iPS para a doença de Parkinson", disse Jun Takahashi, professor do Centro para Pesquisa e Aplicação de Células iPS da Universidade de Kyoto, em coletiva de imprensa.Leia também: 'Meu filho foi diagnosticado com Parkinson aos 11 anos' O centro é liderado por Shinya Yamanaka, que em 2012 recebeu o prêmio Nobel de medicina junto com o cientista britânico John Gurdon, pela descoberta de que células adultas podem ser transformadas em células semelhantes a de embriões. O fato de que os testes clínicos usam células iPS ao invés de células embrionárias humanas quer dizer que o tratamento seria aceitável em países como a Irlanda e em grande parte da América Latina, onde células embrionárias são proibidas.