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Estudo monitora infectados on-line com um sensor colocado no ouvido

Voluntários alemães terão dados sobre a saúde submetidos a algoritmos e avaliados por médicos. Sistema poderá reduzir ao menos um terço das mortes

Coronavírus|Eduardo Marini, do R7

Sensor a ser usado por voluntários tem tamanho semelhante ao de um aparelho de surdez
Sensor a ser usado por voluntários tem tamanho semelhante ao de um aparelho de surdez Sensor a ser usado por voluntários tem tamanho semelhante ao de um aparelho de surdez

A Alemanha continua a dar bons exemplos com iniciativas inovadoras e bem-sucedidas de combate à pandemia de coronavírus. A mais nova delas, atestam seus idealizadores, tem potencial para diminuir em ao menos um terço as mortes entre os contaminados envolvidos em comparação com a média atual daquele país, que já é uma das menores do mundo.

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Nesta quinta-feira (23), pesquisadores do centro médico Klinikum rechts der Isar, ligado à Universidade Técnica de Munique, em parceria com o departamento de saúde da cidade, começarão a monitorar 1,2 mil infectados à distância, em suas casas, por meio de sensores conectados a uma central de controle. Os dispositivos, em formato semelhante ao de um aparelho para surdez, serão colocados no ouvido de cada um dos voluntários.

O objetivo é fazer os médicos saberem, com precisão de dia, hora e até minutos, o momento de levar para o hospital os que passaram a apresentar sintomas de ação do covid-19. Na Alemanha, e em todo o mundo, muitos doentes procuram as unidades de terapia intensiva mais tarde do que deveriam.

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Os pesquisadores acreditam que no mínimo uma em cada três mortes poderia ser evitada entre as pessoas monitoradas pelo sistema, pois elas chegariam à terapia intensiva mais rapidamente e com menos complicações.

O projeto envolve inteligência, boas parcerias e muita tecnologia. Cada voluntário infectado colocará em um ouvido o aparelho pequeno, ligado a uma tomada e conectado a um minicomputador. O dispositivo possui um sensor que mede, a cada 15 minutos, funções vitais do paciente: temperatura corporal, frequências respiratória e cardíaca e saturação de oxigênio no sangue, entre outros parâmetros.

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O dispositivo enviará os dados ao minicomputador, que os transmitirá para a unidade de controle do centro médico de Munique. As informações serão controladas por algoritmos e analisadas quatro vezes por dia pela equipe de médicos e pesquisadores.

O sistema fornece permanentemente três sinais luminosos sobre cada paciente. O verde significa tudo sob controle. Se a luz amarela acender, a pessoa é chamada, questionada e avisada da possibilidade de realização de consultas. Quando aparece a vermelha, a emergência é imediatamente acionada para levar o paciente à unidade de atendimento.

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A pesquisa foi projetada inicialmente para 1,2 mil pessoas em quarentena. Elas foram selecionadas no departamento de saúde de Munique de acordo com três critérios: estar infectada, ter mais de 60 anos e ainda não ter se submetido a terapia intensiva, respiradores e ventilação.

Uma embalagem lacrada com o kit, folhetos informativos e formulários foi colocada do lado de fora da porta de cada voluntário. O sensor, o minicomputador e a tomada de alimentação chegaram abrigados em uma caixa preta um pouco maior do que um maço de cigarros.

Tudo o que o voluntário deverá fazer é colocar o sensor no ouvido e ligar a tomada. O resto o dispositivo realizará sozinho. O custo unitário do kit é de 350 euros (cerca de R$ 2,02 mil), mas os voluntários iniciais não pagaram nada. Eles e os envolvidos nas etapas futuras do programa serão monitorados por no mínimo dois meses.

Onze patrocinadores privados se juntaram em apenas dois dias para bancar os 500 mil euros (cerca de R$ 2,9 milhões) de custo dessa fase inicial do projeto. Uma empresa de aluguel de carros colocou sua frota à disposição gratuitamente para entregar os kits nas casas dos voluntários.

“Sabemos que, na China e na Itália, muitos chegaram ao hospital em péssimas condições. O paciente muitas vezes se atrasa na busca de socorro e isso diminui drasticamente as possibilidades de sucesso do tratamento”, resume o médico, professor e pesquisador Georg Schmidt, líder do projeto, ao Süddeutsche Zeitung, um dos jornais mais influentes da Alemanha. “Este método salvará vidas humanas - e isso é o mais importante", acrescenta ele.

Iniciativas como essa explicam porque a Alemanha possui um dos menores índices percentuais de mortos em relação ao número total de infectados do mundo. Que outros países aprendam mais essa lição.

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