Por aposta, publicitário perde mais de 100 kg sem remédios e cirurgia

Baiano escreve livro em que revela drama da obesidade: ‘Comia 1,5kg no jantar’

01/09/2017 - 00h30 (Atualizado em 19/04/2024 - 22h39)

Foi em uma simples aposta com amigos que a vida e a saúde de
Fabiano Lacerda, 34 anos, começaram a mudar. Por causa da brincadeira, ele se
inspirou a lutar contra a balança e conseguiu eliminar 72 kg em seis meses.

Em conversa com o R7,
o baiano conta como conseguiu perder tanto peso, sem ajuda de remédios ou mesmo
de cirurgias. Quando obeso, atividades
tão simples, como tomar um ônibus e até mesmo comprar uma peça de roupa eram
verdadeiros sacrifícios.

Todas as suas experiências estão no livro A aposta: As Motivações que Encontrei para
Perder mais de 100 kg, que serão lançadas no próximo sábado (2), em
Salvador (BA). Segundo Lacerda, o objetivo da obra é que as pessoas “saibam que
é possível tornar o impossível possível”

Veja a seguir a
entrevista completa!

*Raquel Gamba, do R7

R7 - Você
perdeu 100 Kg por causa de uma aposta?

Fabiano
Lacerda – Na época eu pesava 192 kg e um amigo de trabalho começou uma
aposta comigo como uma brincadeira a partir de um vídeo em que amigos tinham
apostado entre si para emagrecer, mas depois acabou ficando sério. Eles
estipularam que eu teria que perder 60 kg em seis meses sem a ajuda de
cirurgias ou remédios. O lance mínimo era R$ 60 reais, se eu ganhasse eu levava
a bolada, mas se eu perdesse eu pagaria o dobro para todo mundo. Entre amigos
de trabalho e familiares foram quase 30 pessoas

R7 - Qual
foi o valor apostado?

Lacerda - O valor eu
não conto de jeito nenhum. Mas se eu perdesse teria que vender o meu carro para
pagar o pessoal [risos]. A grana que eu ganhei na aposta, já gastei investindo
nessa própria história, no livro

R7 – Qual
foi o primeiro passo quando resolveu começar o regime?

Lacerda – Eu tracei
uma meta, procurei profissionais para me ajudar, nutricionistas, professores de
educação física que pudessem fazer um plano para eu seguir, em cima das minhas características. Cortei tudo que não era saudável, como
refrigerante, pão, enlatados, sorvetes, fast food, salgados, bolo, biscoitos
recheados

$R7 – Quais dificuldades você enfrentou durante o processo de perda de peso? Lacerda - Não era toda academia que tinha equipamento que suportava um obeso de quase 200 Kg. É engraçado quando eu era obeso, entrava em uma loja e não tinha opções de roupas para escolher, por exemplo, ou era azul ou a preta. Logo no início, quando eu estava secando, comprei dois shorts e era literalmente usar um em um dia, enquanto o outro estava secando. Eu tive que abrir mão da vida social durante esse período. Muitas vezes eu deixei de ir em um aniversário ou comemoração, porque eu não estava preparado ou porque eu sabia que aquilo ali iria me tirar do foco da minha dieta. Outra dificuldade foram as dores musculares, não sei bem se posso dizer dor, porque na verdade era por causa das atividades que eu não estava acostumado a fazer. A mudança de rotina foi uma dificuldade, de ter que ir dormir em um horário especifico, ter que ir fazer atividade todo dia, isso foi difícil. No início a dificuldade de as pessoas entenderem que aquilo era importante para mim também foi difícil, porque, às vezes, elas falavam “come só hoje”, “só hoje não vai te engordar”, “isso aqui não engorda tanto”. Isso é ruim demais, porque sem saber as pessoas te atrapalham. Sentia muita falta de comer frituras, enlatados, que eram o meu fraco. Sentia falta porque era muito difícil me adaptar aos novos hábitos$

R7 – Como
foi depois que a aposta acabou e você venceu?

Lacerda - Depois de
cinco meses eu perdi 60 kg e já tinha ganhado a aposta, em seis meses foram 72
kg. Quando ganhei a aposta todo o sentimento que eu tive nesse momento foi
enorme, porque pensei em desistir, porque achava que não era capaz, achava que
só tinha chagado ali por causa de uma aposta. Foi uma empolgação!

Mas, quando acabou, eu me senti como um cachorrinho que está
correndo atrás do carro e o carro para, ele não sabe o que fazer. Passei dias
difíceis pensando que dieta não era minha praia, fiquei frustrado, tive medo de
engordar tudo de novo

R7 – E o
que você fez?

Lacerda – Eu apostei
comigo mesmo que eu sou mais forte do que qualquer aposta. Eu encontrei formas para continuar a emagrecer, mas o maior de tudo é saber que posso incentivar outras
pessoas mudarem de vida

R7 – Você era uma criança gordinha?

Lacerda - Sempre
fui gordinho desde pequeno, mas não obeso. Comecei realmente a entrar em um grau
de obesidade quando fui para a faculdade e comecei a trabalhar, eu só comia a
noite e comia muito, 1,5kg, 2 kg no jantar. A partir daí fiquei com uma vida totalmente
desregrada. Na minha infância e adolescência, eu fazia atividade física e, de
uma certa forma, com a minha mãe por perto, alguém ficava me controlando

R7 – Como
era a alimentação na sua casa?

Lacerda - Minha
família sempre teve muita fartura na comida e, às vezes, ao mesmo tempo que
aquilo era engraçado, era glorioso ver a pessoa comendo, pois dava a sensação
de que estava satisfeita, feliz. De uma certa forma, isso potencializou o meu aumento
de peso. Até entre amigos, quando saíamos se eu não comia mais de 20 pedaços
por exemplo, era frustrante para eles

R7 – Você chegou
a sofrer bullying?

Lacerda - As pessoas me olhavam feio, mas tinha uma
mistura de medo, e eu via isso até de uma forma natural, porque ela via aquela
pessoa muito grande chegando perto dela, e não sabia como reagir.

Como
eu sempre fui muito brincalhão acabava também tirando sarro, acho que era uma
forma de proteção. Então, antes das pessoas começarem a fazer bullying, eu meio
que fazia bullying comigo mesmo. Isso me ajudava, mas de uma certa forma fiquei
em uma zona de conforto, porque não me incomodava

R7 – Quando
você era gordinho, tinha algo que te incomodava?

Lacerda - Era difícil nessa época, porque existiam
limites para tudo, inclusive de acessibilidade, por exemplo: não conseguir passar por uma porta mais
estreita, pegar um elevador e até mesmo um ônibus. Aliás, pegar um ônibus era
praticamente impossível, eu não passava pela catraca, o que me incomodava
muito. Ia viajar de avião e ficava tenso, não queria que ninguém ficasse do meu
lado, porque sabia que ia incomodar, então eu criava estratégias, para entrar no
avião, sempre era o último. No ônibus também, se passava muito cheio, eu não
entrava, esperava o próximo

R7 – O que mudou na sua vida depois que você
emagreceu?

Lacerda - Hoje em dia, eu faço coisas que não fazia como
subir uma escada, andar de bicicleta, que por sinal faz 20 anos que não ando. Hoje
posso escolher uma roupa. Sem falar da aceitação da sociedade, as pessoas não
me olham mais com aquela cara de medo. Agora andar de ônibus e de avião chega a
ser engraçado, porque era tão difícil para mim e quando olho para aqueles
lugares onde não ia penso “nossa valeu muito a pena”

R7 – Por que resolveu escrever um livro?

Lacerda - Eu resolvi
escrever o livro quando percebi que tinha um número grande de pessoas me
procurando nas redes sociais, diretamente, pedindo ajuda. Então, decidi
escrever o livro, porque percebi que ia ajudar um número grande de pessoas. Quero
que elas saibam que é possível tornar o impossível possível. Quero que elas são
capazes de ir além., que elas acreditem nelas mesmas, que não queiram se tornar
um Fabiano, mas sim elas próprias

Foi em uma simples aposta com amigos que a vida e a saúde de Fabiano Lacerda, 34 anos, começaram a mudar. Por causa da brincadeira, ele se inspirou a lutar contra a balança e conseguiu eliminar 72 kg em seis meses. Em conversa com o R7, o baiano conta como conseguiu perder tanto peso, sem ajuda de remédios ou mesmo de cirurgias. Quando obeso, atividades tão simples, como tomar um ônibus e até mesmo comprar uma peça de roupa eram verdadeiros sacrifícios. Todas as suas experiências estão no livro A aposta: As Motivações que Encontrei para Perder mais de 100 kg, que serão lançadas no próximo sábado (2), em Salvador (BA). Segundo Lacerda, o objetivo da obra é que as pessoas “saibam que é possível tornar o impossível possível” Veja a seguir a entrevista completa! *Raquel Gamba, do R7