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Tecnologia e Ciência

Big techs venderam o sonho de um novo mundo do trabalho e agora enterram a meritocracia

Empresas de tecnologia demitem ao mesmo tempo milhares de cérebros privilegiados e profissionais altamente qualificados

Tecnologia e Ciência|Marco Antonio Araujo, do R7

Fachada do Google em Nova York: fim do canto da sereia
Fachada do Google em Nova York: fim do canto da sereia

Já falamos aqui da onda de demissões que atingiu as empresas de alta tecnologia. Trata-se de um verdadeiro massacre, ainda em andamento. Nada indica que os cortes já atingiram algum ponto de equilíbrio. A pergunta permanece: para onde vão os milhares de profissionais altamente capacitados e dispensados, na maioria dos casos, com frieza e absoluta impessoalidade.

As narrativas dos que foram demitidos — a maioria por email ou telegrama, a frio — não deixam dúvidas de que todo aquele discurso do início das big techs era canto de sereia: horários flexíveis, mesas de pingue-pongue e sofazinho para soneca ao lado da cafeteria, salários irrecusáveis, bônus por desempenho e, principalmente, o sentimento de fazer parte da maior revolução tecnológica ainda em andamento. Tudo balela.

O que mais impressiona nesse tsunâmi é o descarte implacável de uma geração inteira altamente digitalizada, engenheiros, programadores e gente de criação que simplesmente não tem, no momento, para onde ir. Haja Uber para dar conta de tantos jovens e chefes de família.

E essas grandes empresas, todas gigantes e bilionárias, abalaram (para não dizer destruíram) um dos conceitos mais difundidos nos últimos anos, o da meritocracia. É um choque de realidade. De nada adianta se preparar para estar na ponta do mercado, gerar lucros absurdos para seus patrões, receber bonificações e prêmios em ações da Bolsa, ser “parceiro” e “colaborador”, em vez de funcionário acomodado à espera da aposentadoria (que não virá).


Ao prometerem a modernidade e novas relações de trabalho, as grandes empresas de tecnologia acabam de se mostrar, de forma inconteste, apenas uma versão mais turbinada do capitalismo selvagem, em que a mão de obra é detalhe.

O que nós, seres mais analógicos, podemos dizer aos companheiros que estão tendo de abandonar o sonho de uma empregabilidade baseada no empreendedorismo e na capacitação pessoal é: esqueçam o universo paralelo, bem-vindos ao mundo real.

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