Índia suspende sua missão ao inexplorado polo sul da Lua
Operação foi abortada faltando 56 minutos para lançamento após um problema técnico ser detectado e nova data será anunciada em breve
Tecnologia e Ciência|Da EFE
A Índia suspendeu neste domingo (14) o lançamento da sua segunda missão à Lua, a Chandrayaan-2, com a qual pretende explorar o polo sul do satélite, uma tarefa jamais realizada por nenhum país.
"Foi detectado um problema técnico no sistema do veículo de lançamento (...) Como medida de extrema precaução, cancelamos hoje o lançamento da Chandrayaan-2", informou no Twitter a Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO).
A mensagem foi divulgada quando faltavam dez minutos para o lançamento, previsto para 2h51 (horário local, 18h21 de domingo em Brasília) e que aconteceria de uma plataforma na base de Sriharikota, no estado de Andhra Pradesh.
Segundo a agência espacial indiana, o "problema" foi detectado quando faltavam 56 minutos para a decolagem.
"A nova data de lançamento será anunciada mais tarde", concluiu a ISRO, sem fornecer mais detalhes.
Composto de uma sonda que orbitará ao redor da Lua, um módulo de alunissagem e o veículo lunar propriamente dito, esta missão substitui a Chandrayaan-1, lançada em 2008 e que conseguiu fazer mais de 3.400 órbitas ao redor do satélite.
A previsão era que o veículo aterrissasse no até agora virgem polo sul da superfície lunar em 6 ou 7 de setembro com a intenção eminentemente científica de descobrir mais sobre a composição mineral do satélite e a presença de água, embora essa data agora precisará ser revisada.
Depois, a missão exploraria a superfície lunar durante 14 dias, nos quais percorreria cerca de 500 metros, enquanto a sonda permaneceria em órbita lunar durante pouco mais de um ano para obter informação do satélite terrestre.
Se finalmente a missão for encerrada com sucesso, dada a dificuldade de completar uma aterrissagem controlada na Lua, a Índia se transformaria no quarto país a realizar uma alunissagem, depois de Estados Unidos, Rússia e China.
O país desenvolveu o veículo lunar com seus próprios recursos, e não com ajuda russa como estava inicialmente previsto, embora a missão estivesse programada inicialmente para pouco depois do primeiro lançamento à Lua em 2008.
Com um dos programas espaciais mais ativos do mundo, a Índia começou a colocar satélites na órbita terrestre em 1999 e faz parte do exclusivo grupo de países que dispõem de sistema de navegação por satélite, no qual figuram Estados Unidos (GPS) e Rússia (GLONASS), entre outros.
As conquistas da ISRO ficam mais acentuadas quando se leva em conta que contou com um orçamento em 2017-18 de 1,176 bilhão de euros, frente aos 17,401 bilhões da Nasa em 2019.
Suas missões à Lua e a Marte, assim como seus econômicos lançamentos de dezenas de satélites de forma simultânea, contribuíram para que muitos países escolhessem a nação asiática para pôr em órbita seus aparatos de tamanho reduzido.
Entre os próximos objetivos da ISRO estão a colocação em órbita de sua própria estação espacial, missões a Vênus e ao Sol e seu primeiro envio tripulado ao espaço.