Tecnologia vestível? Brasil não tem espaço para invenções no ramo da beleza, diz pesquisadora
Criadora de invenções no campo da estética enfrenta dificuldades em expandir pesquisas
Tecnologia e Ciência|Do R7
O que você sabe sobre tecnologia vestível? Este tipo de inovação é caracterizado quando o usuário equipa um dispositivo no próprio corpo, seja usando um relógio ou aplicando sensores na pele, e com ele realiza atividades diversas, como tirar fotos, acender luzes ou enviar mensagens.
A peruana Katia Vega tem experiência no meio das tecnologias vestíveis. Com diversos projetos desenvolvidos pela PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), ela é a criadora de vários aparelhos voltados para o público feminino, que vão desde unhas postiças que tocam música, até maquiagem que pode ser programada para realizar tarefas diversas.
A criação mais recente dela é o “Hairware”, um dispositivo que permite que a usuária execute ações no smartphone apenas ao tocar uma das mechas do cabelo. O aparelho funciona com apliques que podem ser colocados na cabeça e ativados de maneira discreta, cada um deles executa uma ação pré-programada. De acordo com Katia, o Hairware surgiu naturalmente.
— A ideia é usar o contato inconsciente que as meninas fazem com o cabelo e usá-lo de uma forma que possa reagir com outras coisas. Enquanto eu toco no cabelo, eu mando uma mensagem ou gravo uma conversa. Cada movimento gera uma ação e ninguém percebe, é sutil.
Trabalhar com produtos voltados para o lado da estética não era o plano inicial de Katia, aluna de Ph.D. em ciências da computação. O primeiro passo foi dado na época em que ela morava em Hong Kong, na China. Ao observar a relação das chinesas com os acessórios e itens de beleza, ela teve a ideia de trabalhar com isso.
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— Percebi que o cosmético é o mesmo há muito tempo. Minha vó usava batom, e eu também uso, a funcionalidade do cosmético não mudou, mas agora, aplicando tecnologia, ele tem superpoderes e permite várias coisas.
O tempo de produção de cada projeto varia. Para as unhas que reproduzem sons ao chegar perto d’água, Katia afirma que o tempo foi relativamente curto, apenas seis meses. Já o Hairware demorou mais: começou a ser desenvolvido no fim de 2013 e foi lançado há apenas duas semanas.
Mesmo com todas essas inovações, Katia não é otimista quanto ao mercado.
— Na verdade, é muito difícil desenvolver esses projetos porque não existe uma comunidade de inovação tecnológica aqui no Brasil. Conseguir os materiais, circuitos e reagentes químicos é complicado, às vezes tem que esperar um ou dois meses, em Hong Kong era tudo muito mais fácil.
Como a maioria das descobertas e experimentos em relação à tecnologia vestível acontece na América do Norte e na Europa, o Brasil acaba não tendo a vivência das coisas que acontecem no exterior e isso faz falta, de acordo com a doutora.
Por isso, entender como essa tecnologia pode ser aplicada aqui é um dos grandes desafios para a área.
— Acredito que essa tecnologia ainda esteja numa fase de desenvolvimento. Estamos criando muito, mas ainda não sabemos o que fazer. Até onde essa tecnologia vai levar? Como vai ser útil? Existem muitas áreas onde isso pode ser aplicado e são muitas as possibilidades.
*Colaborou Raphael Andrade