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“A verdade sempre aparece”, diz amigo de Juscelino Kubitschek sobre assassinato do ex-presidente

Terra natal de Juscelino, Diamantina comemora confirmação do crime contra o político

Brasil|Por Miguel Arcanjo Prado, editor de Cultura do R7


Nas ladeiras da centenária Diamantina, cidade a cerca de 300 km de Belo Horizonte, no interior de Minas Gerais, um só assunto ecoa: a confirmação pela Comissão da Verdade de São Paulo – Vladimir Herzog de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi assassinado pela ditadura militar em 1976.

Apesar do impacto da notícia, ela não causou espanto aos conterrâneos do político, nascido na cidade em 1902. Afinal, a maioria dos diamantinenses jamais acreditou que a morte do maior político da terra tenha sido fruto de um mero acidente de carro.

Serafim Jardim, presidente da Casa de Juscelino, museu instalado na residência onde o político foi criado e viveu até o fim da adolescência ao lado da mãe e da irmã em Diamantina, jamais acreditou na versão oficial da morte do amigo. Tanto que em 1999 lançou pela editora Vozes o livro Onde Está a Verdade?, no qual questionava o inquérito sobre a morte do político.

Jardim conviveu de perto com Juscelino nos nove últimos anos de vida do construtor de Brasília. Três anos antes de lançar o livro, em 1996, Jardim pediu a reabertura do inquérito sobre a morte do ex-presidente, como conta, emocionado, ao R7.


— Venho lutando pela verdade há 17 anos. Não quero nada mais do que a verdade! E graças à Comissão da Verdade Vladimir Herzog de São Paulo ela foi provada agora. A verdade sempre aparece. O processo da morte de Juscelino foi mal feito, porque eles jamais imaginariam que o caso pudesse um dia ser reaberto e reexaminado. Eu sempre acreditei que um dia seria provado que Juscelino foi assassinado.


Jardim revela que nas últimas já recebeu inúmeros telefonemas e mensagens pela internet de diamantinenses, parabenizando pela vitória conquistada em provar que a morte de Juscelino foi provocada pelos militares.


— Convivi com Juscelino os últimos nove anos de sua vida. Sou amigo na vida e continuo amigo na morte. Pode demorar, mas um dia a verdade aparece. A dona Sarah Kubitschek [viúva de Juscelino] chegou a dizer em uma entrevista ao Jornal do Brasil que a verdade viria um dia, mesmo sem sua presença. Ela estava certa.

A relação entre os Kubitschek e os Jardim é antiga em Diamantina. Juscelino foi amigo de Serafim Gomes Jardim, tio de Serafim Jardim que foi arcebispo da cidade. E também foi colega de seminário do pai de Serafim Jardim, José Jardim, com quem também dividiu pensionato em Belo Horizonte, época em que Juscelino cursou medicina na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).


— O Juscelino me dizia que nossa amizade era tradição de família.

Jardim conta que está contente com a comprovação do assassinato, mas diz que não tem o desejo de saber quem premeditou a morte do amigo.

— Só queria que a verdade fosse comprovada. E ela foi. Estou satisfeito.

Diamantinenses já sabiam

A Casa de Juscelino está localizada no número 241 da rua São Francisco, uma íngreme ladeira no centro histórico de Diamantina. O museu é um dos atrativos turísticos mais visitados por turistas na cidade, ao lado da casa de Chica da Silva, a escrava que virou praticamente rainha da cidade no século 18.

Rômulo José Barbosa, gerente da Casa de Juscelino, conta ao R7 que os sete funcionários do local não comentam outra coisa senão a comprovação de que Juscelino foi assassinado.

— O Serafim Jardim, nosso presidente, foi um dos que mais ajudou a provar isso. Tanto que ele escreveu o livro que falava justamente isso que agora veio à tona. A comunidade de Diamantina sempre desconfiou, porque a história da morte de Juscelino foi muito mal contada. Todo o povo diamantinense sempre teve a certeza de que mataram Juscelino. 

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