Análise: Haddad demonstra fraqueza e indecisão em seus primeiros pronunciamentos
Ministro da Fazenda fica na defensiva e não explica como pretende conduzir a economia e enfrentar os problemas do país
Brasil|Marco Antonio Araujo, do R7
Fernando Haddad é a grande aposta de Lula neste seu terceiro mandato. Não por falta de aviso, o presidente insistiu em colocar seu fiel escudeiro à frente do Ministério da Fazenda. Os boletos dessa escolha não param de chegar.
O ex-prefeito não reeleito de São Paulo já era visto com desconfiança antes mesmo de tomar posse. Ontem, oficializado no cargo, teve uma estreia que só confirma as expectativas. Começou mal, titubeante, na defensiva, quase desastroso em suas primeiras declarações — recebidas como sinal de fraqueza e falta de um rumo claro para a economia do país.
O mercado financeiro, analistas e representantes do setor produtivo não entenderem nada do anunciado "Plano de sustentabilidade social, ambiental e econômica". Haddad ainda não sabe dizer o que exatamente pretende fazer. Talvez não tenha mesmo ideia, tamanho o malabarismo verbal que demonstrou.
Ele está refém de um cenário político desfavorável, até porque não tinha o perfil que sinalizasse um ministro com a força e o talento necessários para enfrentar os problemas de um país dividido e com sérios desafios à frente.
Haddad já entrou perdendo, quando teve o aumento no preço dos combustíveis interditado por conta da pressão política (e popular), inclusive interna, a que foi submetido o novo governo. Lula mandou adiar o reajuste. O ministro engoliu o sapo e fez de conta que, para ele, tudo bem.
O presidente eleito deve ter algum tipo de obsessão pelo ex-prefeito não reeleito de São Paulo. Só pode ser camaradagem, gratidão por ele ter se sacrificado no altar de 2018, quando a campanha #LulaLivre se mostrou o maior erro da história da esquerda brasileira.
A economia do país não tem nada a ver com isso. Como todos nós sabemos, boletos chegam todos os dias. E precisam ser pagos. Haddad já entrou devendo.