O projeto de construção de cisternas pré-moldadas no semiárido brasileiro, que tem por meta levar água a 3,7 milhões de pessoas que vivem na região, não é consenso. Os críticos do programa alegam que gastar R$ 2 bilhões para permitir acesso à água a 17% da população do semiárido é uma medida paliativa e cobram a conclusão das obras de transposição de águas do rio São Francisco para resolver o drama da falta d'água no Nordeste. Durante essa semana, o R7 traz uma série de reportagens sobre a escassez de água no Nordeste e as alternativas que a região encontra para enfrentar o drama da estiagem. A construção das cisternas pré-moldadas faz parte do programa Brasil Sem Miséria do governo federal, dentro do projeto Água para Todos. O objetivo é entregar 750 mil cisternas até o fim do ano em 99 municípios do semiárido.Nordeste pode ser a solução para escassez de água em SPLeia mais notícias de Brasil e Política"A gente andava quatro horas para procurar água para beber" As cisternas têm capacidade de 16 mil litros de água. O sistema capta chuva por meio do telhado e a água pode ser usada para consumo doméstico. A estimativa é que três meses captando água em meses chuvosos sejam suficientes para abastecer uma família de cinco pessoas durante o resto do ano. As famílias que recebem a cisterna comemoram a possibilidade de ter acesso água dentro de casa, mas há questionamentos sobre o andamento do projeto de transposição do Rio São Francisco, que solucionaria o problema da seca no Nordeste de maneira mais definitiva. No entanto, o governo federal alega que um projeto não anula o outro. Segundo o coordenador-geral de Acesso à Água do MDS (Ministério de Desenvolvimento Social), Igor Arsky, a transposição de águas é uma obra grande que deve ser feita em muitos anos e as cisternas são obras complementares que resolvem o problema de maneira mais rápida e têm um objetivo diferente. — O nicho que estamos trabalhando com o sistema de cisternas é o do semiárido. Tem o objetivo de atingir essa população dispersa no território e que tem dificuldade de acesso à água. Trata-se de uma questão de lógica da política pública, que está focando uma população de extrema pobreza. Não é paliativo, é totalmente estruturante. Não há dicotomia, há complementaridade. Segundo Arsky, o benefício da transposição do Rio São Francisco será basicamente para pessoas das cidades, podendo levar ao desenvolvimento da irrigação em áreas rurais. Já o objetivo das cisternas é levar água a pessoas que vivem em locais isolados, de difícil acesso. De acordo com o Ministério da Integração, responsável pela transposição das águas, 55% das obras estão concluídas. A previsão é concluir a transposição do Rio São Francisco em 2015. O objetivo principal da obra é garantir água para 12 milhões de pessoas em 390 municípios do Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Pernambuco. A previsão é de que o custo total seja de R$ 8 bilhões.* A jornalista viajou a convite da Fundação Banco do Brasil