Dirceu está em cela com goteira, come quentinha e é único que aguarda aval para trabalhar, diz filha
Ex-ministro está em local mal iluminado e sem micro-ondas, mas tem TV com canais abertos
Brasil|Do R7
Joana Saragoça, filha do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, publicou uma carta em seu perfil do Facebook na última segunda-feira (5) em que descreve as condições em que o pai se encontra na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Joana diz que Dirceu está em uma cela com “goteira logo na entrada”, come quentinhas no almoço e no jantar e não tem micro-ondas.
Sempre reservada quanto ao assunto, Joana disse que sempre preferiu não falar sobre as condições do pai na Papuda porque sente que está “desrespeitando a pouca privacidade que lhe restou”. No entanto, diz, na última visita, resolveu mudar a postura e começou a reparar em tudo.
— A cela em que meu pai fica tem uma goteira logo na entrada. Ela não é bem iluminada. São três lâmpadas fluorescentes penduradas por fios que mal iluminam todo o “quarto”, tornando ler na cela uma tarefa bem difícil. A televisão é pequena [de 19 polegadas], sem entrada USB ou DVD.
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Joana reforça que Dirceu “assiste apenas a televisão aberta, como podem fazer todos os internos de bom comportamento”. Em relação à alimentação, a filha de Dirceu diz que “a comida é a mesma de todos no CIR [Centro de Integração e Ressocialização]”.
— Ele come as quentinhas de almoço e jantar e algumas outras coisas como bolachas, pão de queijo e goiabada que estão disponíveis na cantina – tanto para meu pai como para qualquer outro detento. Alguns internos têm micro-ondas para requentar as refeições, mas meu pai não tem e nunca pediu para que levássemos um.
Joana informa que seu pai não está mais sozinho na cela, porque outro detento chegou, e cobra, na carta, um posicionamento da Justiça sobre os “direitos” de Dirceu, que ainda aguarda autorização para trabalhar. Vale lembrar que ele foi condenado ao regime semiaberto, que permite trabalhar e estudar fora da cadeia.
— Zé Dirceu é o único preso do CIR com proposta de emprego esperando a autorização sair.
Joana afirma que ela e o irmão — o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), que poderia visita-lo fora do horário de visitas — só se encontram com o pai às quartas-feiras, dia em que todos os outros detentos recebem amigos e familiares.
Sobre o possível contato via celular entre Dirceu e secretário de Estado da Bahia James Correa, a filha reforça que “nunca houve telefonema, como três investigações internas e da própria Vara de Execuções Penais já concluíram”.
Joana termina a carta com trecho da Lei de Execução Penal, que traz os direitos dos presos no Brasil, e avisa que “não há regalias ou privilégios” a Dirceu.
— Não existe motivo para não conceder o trabalho externo ao meu pai. Falo como filha, mas esta também é a opinião do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que já se manifestou há mais de 20 dias a favor da liberação para o trabalho externo.