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Erros grosseiros abalam confiança nos institutos de pesquisa. Quem perde com isso? A verdade

Números distantes do resultado final, fora de qualquer margem de erro, causaram perplexidade e descontentamento da população

Brasil|Marco Antonio Araujo, do R7

Nenhum instituto de pesquisa conseguiu antecipar a vitória de Claudio Castro no primeiro turno
Nenhum instituto de pesquisa conseguiu antecipar a vitória de Claudio Castro no primeiro turno Nenhum instituto de pesquisa conseguiu antecipar a vitória de Claudio Castro no primeiro turno

Abertas as urnas e contados os votos, há sempre um perdedor que nunca falta em nenhuma eleição: os institutos de pesquisas. Neste ano, eles avançaram demais em sua progressiva derrocada. Erros grosseiros foram cometidos em pleitos passados, mas o conjunto da obra em 2022 acendeu um alarme ruidoso e difícil de ignorar — que rondará o segundo turno como um fantasma de desconfiança e desprezo.

A essa altura, passado o choque dos números já contabilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assistimos atônitos a “margens de erros“ que chegaram a ultrapassar 14 pontos de diferença (em relação à votação final de Bolsonaro). Para alimentar teorias da conspiração e constatações baseadas em evidências, os mesmos institutos, como uma orquestra, se aproximaram dos números finais de Lula. Curioso.

Mas somos obrigados a ir ainda mais longe. Foram chocantes alguns resultados oficiais que em nenhum momento das campanhas foram sequer cogitados. As retumbantes eleições ao Senado de Sergio Moro (PR), Hamilton Mourão (RS) e Marcos Pontes (SP) — este com estonteantes 50% dos votos válidos — desautorizam qualquer esforço em passar pano ou ignorar que a sociedade assistiu, no papel de palhaço, a uma fraude por incompetência ou inquestionável prova da incapacidade.

O mais grave é que essas pesquisas trabalham em comunhão com diversos veículos de comunicação que têm seus próprios interesses, nem sempre nobres e claros. Em vez de serem tratadas como informações secundárias, um diagnóstico falível, ocupam manchetes de primeira página de jornalões e abrem a escalada de telejornais de TVs abertas e canais jornalísticos pagos.

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O que vimos na semana que antecedeu 2 de outubro foi uma avalanche de levantamentos que, em comum, se irmanaram em um aspecto: ao final, todos os principais institutos erraram. E não vamos esquecer a enxurrada de “especialistas” anunciando uma “virada de votos” em direção a uma vitória de Lula no primeiro turno (usada com despudor e muita lacração na campanha do petista), o que não só não aconteceu, como se deu na direção contrária, a de Bolsonaro.

Donos e representantes de institutos são chamados para longas entrevistas, na condição de cientistas políticos ou gênios da estatística — e não de empresários ou contratados, que é o que de fato são. Tratados com deferência e mimados por apresentadores e âncoras, assumiram um protagonismo (com ares de estrelato) que se mostrou não só um equívoco, mas um desserviço à democracia. Agiram como profetas a soldo, de forma incauta e vaidosa.

Foi fácil perceber, nas ruas e nas conversas, o nível de descontentamento a que os eleitores foram submetidos no primeiro turno da eleição. O povo sabe quem lucrou. O povo sabe quem mentiu. Desta vez, parece, a conta chegou para os institutos de pesquisa. E vai custar caro.

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