Escolha de Fernando Haddad para Ministério da Fazenda é erro político de Lula
O presidente eleito poderia ter feito uma nomeação técnica, mas preferiu uma velha cartada eleitoral, que já deu errado
Brasil|Marco Antonio Araújo Do R7
Não foi por falta de aviso. Lula confirmou que Fernando Haddad será o ministro da Fazenda de seu futuro governo. Então, tá. Depois não reclamem, os petistas, porque é uma escolha tão teimosa quanto equivocada.
Boletos chegam para todo mundo. O do PT já está a caminho. Politicamente, a escolha do ex-prefeito de São Paulo para dirigir a economia do país é como usar o saldo do cheque especial para dar presentes. Vai dar ruim.
Lula está assumindo uma dívida desnecessária ao fazer um investimento arriscado. Desde a largada, o presidente eleito — que afirma não ser candidato à reeleição — está colocando todas as suas fichas em tornar Haddad seu sucessor. Já vimos esse poste antes.
Nem é o caso de julgar a capacidade intelectual do ex-ministro da Educação, que se mostrou ruim de voto em 2016 e 2018. A questão é entender que Lula insiste em se achar um gênio da política só porque, no passado, de fato emplacou dois súditos (Dilma é o outro).
A realidade provou que o eleitor sobrevivente não bebe duas vezes do mesmo veneno. A presidente ungida por Lula até se reelegeu, mas foi impichada — e não conseguiu uma vaga para o Senado, por Minas Gerais, em 2018. Haddad teve um desempenho ainda mais constrangedor.
Alem de ter sido derrotado por Doria (lembra dele?), em 2016, Haddad foi despachado de forma incontestável por Bolsonaro, quatro anos atrás. O professor da USP pode ser fiel, mas, nas urnas, nem chega aos pés de seu padrinho e líder carismático.
Lula poderia ter optado por uma solução técnica ao escolher o ministro que vai cuidar do que realmente importa para a vida das pessoas. Preferiu a cartada política e eleitoral. Não aprendeu nada. Que desnecessário. A fatura virá.