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Ex-mendigo com passado criminoso desmascara a perversidade fútil das redes sociais

Givaldo Alves, o 'mendigão na área', foi alçado à condição de herói e celebridade por um público doentio e apressado

Brasil|Marco Antonio Araujo, do R7

Givaldo Alves se tornou celebridade e hoje usufrui do luxo bancado por admiradores
Givaldo Alves se tornou celebridade e hoje usufrui do luxo bancado por admiradores Givaldo Alves se tornou celebridade e hoje usufrui do luxo bancado por admiradores

Há de termos estômago e paciência para enfrentar a batalha diária de descobrir qual o novo herói de ocasião ou a personalidade a ser urgentemente cancelada. Nesse ritmo frenético, não é de espantar que uma figura como o ex-morador de rua Givaldo Alves tenha sido alçada à condição de subcelebridade. E caído em desgraça, novamente, em tão pouco tempo.

Após sua fulminante (e constrangedora) ascensão como o inusitado cidadão que fez sexo em um carro com a bela mulher (com claros problemas psicológicos) casada com um personal trainer, o “mendigão na área” volta ao noticiário. Desta vez, para prestar contas de seu passado criminoso como sequestrador e ladrão.

Sejamos muito claros, claríssimos: Givaldo já cumpriu sua pena e nada mais deve à Justiça ou à sociedade. Ponto. Não é essa a questão.

O busílis (como diziam os antigos para expressar o cerne da questão) é como a sociedade desenvolveu a capacidade doentia, ultrajante, de usar a dor, a vergonha e a desgraça alheias como alçapão ou trampolim para os devaneios de nossa vida miserável.

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É degradante em quase todos os episódios a história desse ser humano agraciado pelas redes sociais. Suas falas machistas, desrespeitosas e cruéis foram recompensadas com a fama instantânea. Nos poucos dias gozando de popularidade, foi visto usando iPhone, a bordo de um Porsche, viajando de helicóptero e morando (a convite) em um flat nada modesto no Rio de Janeiro.

Givaldo não tem culpa nenhuma de viver rodeado de gente estranha que, por conta própria, resolveu idolatrá-lo e paparicá-lo. Ele seria maluco se recusasse o "bilhete premiado". Merecem nossa mais absoluta suspeição, isso sim, os indivíduos que alimentam o lado sombrio, fútil e perverso da internet e seus personagens voláteis e insustentáveis.

Não temos o menor controle sobre esses fenômenos aleatórios. Todos, inclusive, estamos sujeitos aos caprichos cibernéticos. Mas toda a sociedade deveria combinar o exercício do bom senso, da responsabilidade, da compaixão e da serenidade diante de fatos que absolutamente não dizem respeito à nossa existência. Cada um poderia cuidar da própria vida, mais nada. Que tal?

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