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Grandes doadoras, empresas não têm interesse em pautas de movimento negro, diz pesquisador

Sergio Henrique Teixeira defende fim de doações feitas por empresas

Brasil|Alvaro Magalhães, do R7

O geógrafo Sergio Henrique de Oliveira Teixeira, pesquisador da Unicamp e integrante do coletivo Raízes da Liberdade, afirma que as grandes financiadoras de campanhas eleitorais não têm interesse na pauta do movimento negro.

— A pauta do movimento negro não é uma pauta interessante para as grandes empresas, para as grandes financiadoras. Isso faz com que os candidatos negros mais engajados com a questão racial não entrem numa disputa eleitoral em condições de igualdade com candidatos brancos.

Levantamento inédito feito pelo R7, com base em números do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostrou que candidatos negros receberam, em média, cerca de um terço da média da arrecadação dos brancos nas eleições 2014. Entre mulheres e homens a diferença foi semelhante.

Teixeira diz que a diferença no financiamento é indício de um racismo estrutural.

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— O racismo no Brasil não é conjuntural, não se materializa só nas atitudes pessoais. Ele contamina todas as instituições, que o reproduzem.

Segundo o pesquisador, a baixa representatividade de negros no parlamento acaba fragilizando uma série de reivindicações do movimento negro.

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— O Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado em 2010. Mas seu conteúdo ficou bem aquém do que se esperava. Em relação às cotas no serviço público e nas universidades, por exemplo, estava previsto que a proporção de vagas reservadas deveria ser igual ao percentual da população de cada Estado. Isso não entrou.

Teixeira defende o fim das doações a candidatos feitas por empresas.

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— O financiamento por parte de empresas acaba fazendo com que os eleitos se tornem defensores dos interesses dessas empresas. Mesmo os candidatos negros, quando conseguem financiamento, acabam deixando de lado as reivindicações do movimento negro. A Marina Silva, por exemplo, era uma candidata negra. Ela se declarou negra. Mas em sua pauta, nos debates, essa questão desaparecia.

O pesquisador afirma ainda que é necessário um debate sobre o financiamento público de campanha.

— Eu sou a favor do financiamento público, mas isso tem que ser muito bem debatido. Como o fundo vai ser repartido? O modo como horário gratuito é hoje dividido não é bom. Os partidos menores têm um tempo ínfimo para colocarem suas propostas.

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