Brasil IBGE admite falhas no cálculo da expectativa de vida dos brasileiros

IBGE admite falhas no cálculo da expectativa de vida dos brasileiros

Instituto diz que metodologia atual não conseguiu captar as mortes por Covid-19 em 2020, o primeiro ano da pandemia

  • Brasil | Do R7

Metodologia não captou todas as mortes de 2020

Metodologia não captou todas as mortes de 2020

Marcelo Casal Jr. / Agência Brasil

Em sua divulgação nesta quinta-feira (25) das Tábuas Completas de Mortalidade do Brasil de 2020, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) admitiu que a metodologia utilizada pelo órgão não conseguiu registrar todos os óbitos do primeiro ano da pandemia de Covid-19 e o impacto dessas mortes na expectativa de vida dos brasileiros.

Dessa forma, fica comprometido o dado anunciado no início desta quinta de que a expectativa de vida do brasileiro subiu para 76,8 anos.

A divulgação se refere ao tempo projetado de vida para cada pessoa nascida em 2020. Saber quais grupos e de que regiões perderam mais indivíduos tornaria a estimativa mais precisa.

Isso porque, explica o IBGE, as tábuas de mortalidade publicadas anualmente, desde 1991, são feitas por meio de projeções que usam "dados censitários, informações disponíveis sobre os registros de óbito e o conhecimento acerca da transição demográfica e epidemiológica da população brasileira", itens que estão defasados no país por causa da falta de um novo Censo.

"As últimas tábuas construídas se referem a 2010, ano de realização da última operação censitária no Brasil", alega o instituto, que acredita que os dados serão mais precisos após o Censo de 2022.

O IBGE deixa claro na nota técnica desta quinta-feira que a tábua de mortalidade "não incorpora os efeitos da pandemia da doença por coronavírus" e acrescenta que, após a crise sanitária, a tendência é que o país volte a observar a queda gradual na média de mortes.

O instituto afirma que para conseguir captar os efeitos da Covid seria necessário mudar a metodologia do cálculo das tábuas de mortalidade, incluindo uma estimativa da população resultante após os óbitos observados na pandemia, o que não é feito atualmente. 

O órgão enfatiza, por fim, que a projeção da expectativa de vida só seria válida se o país não tivesse atravessado a pandemia.

"As tábuas projetadas para o ano de 2020 que ora são publicadas fornecem, assim, indicadores de mortalidade esperados na ausência de uma crise sanitária."

"Dessa forma, caso o Brasil não tivesse vivenciado uma crise de mortalidade no ano de 2020", prossegue o IBGE, "a expectativa de vida ao nascer seria de 76,8 anos para o total da população, um acréscimo de 2 meses e 26 dias em relação ao valor estimado para o ano de 2019 (76,6 anos)."

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