Juiz alerta para a “devolução” de crianças adotadas: “É desastrosa”
Algumas famílias decidem interromper a convivência, o que causa problemas para a criança
Brasil|Giorgia Cavicchioli, do R7
A sociedade já sabe e Justiça comprova: a adoção é extremamente positiva para a nova família e para a criança que ganha um novo lar. Porém, em alguns casos raros, os pais decidem “devolver” os filhos para o abrigo (veja o perfil deles no quadro abaixo).
De acordo com o juiz Paulo Roberto Fadigas Cesar, da Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça de São Paulo, “a devolução é desastrosa” na vida da criança, pois ela já foi abandonada anteriormente.
— Alguns casos até causam danos morais. Essas pessoas [que adotaram e, depois devolveram] podem responder por um processo de danos morais.
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Mesmo destacando que esses casos são exceção e que, geralmente, acontecem em adoções fraudulentas ou “mal-feitas”, o juiz diz que o estágio de convivência entre a nova família e a criança é fundamental para evitar esse tipo de situação.
Todas as pessoas que decidem adotar passam por esse estágio em que a família e a criança podem conviver por um tempo antes de a adoção ser completada. Assim, eles podem decidir se, realmente, vão se dar bem e se compreendem.
— Por isso que o estágio de convivência é de um conhecer o outro. O casal não vai comprar a criança. Depois que causa o dano, não tem o que fazer.
O juiz também ressalta a importância do curso que os pais precisam fazer antes mesmo do estágio de convivência. Ele consiste em palestras para conscientização dos futuros pais.
— Isso é ressaltado no curso. Vocês querem uma pessoa no lar de vocês ou vocês só querem o status de mãe e pai? Tem mulheres que querem mostrar que são mães para a sociedade. A pessoa quer ou é um sonho inconsequente?
O juiz ainda ressalta que, depois de finalizado o processo de adoção, se a mãe quiser abandonar a criança, vai responder pela atitude como se fosse a mãe biológica da criança.
— É nesse estágio de convivência que tem que não querer. Porque depois, para devolver a criança, aí é como uma mãe que entrega a criança. Mas isso causa um dano psicológico muito grande em uma criança. A criança já foi rejeitada pela mãe biológica.