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Mais dinheiro significa mais voto, afirma especialista

Fernando Santos, da Unicamp, estudou financiamento de homens e mulheres em 2010

Brasil|Alvaro Magalhães, do R7

O cientista político Fernando Henrique dos Santos, pesquisador da Unicamp, afirma que a relação entre dinheiro e voto é alta.

— Diversos estudos mostram que essa correlação é altíssima. Na política, mais dinheiro significa mais voto.

Levantamento inédito feito pelo R7, com base em números do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostrou que candidatos negros receberam, em média, cerca de um terço da média da arrecadação dos brancos nas eleições 2014. Entre mulheres e homens a diferença foi semelhante.

Em conjunto com outros dois professores, Bruno Speck e Teresa Sacchet, Santos estudou o financiamento de campanhas de homens e mulheres candidatos a deputado nas eleições de 2010. Ele diz que o orçamento menor das mulheres é consequência da pequena participação feminina na vida partidária.


— No Uruguai, 50% dos cargos administrativos dos partidos são ocupados por mulheres. Isso faz com que elas tenham uma maior atuação política e, inclusive, maior controle do caixa.

O pesquisador afirma que a diferença no financiamento é um dos problemas que impedem a eficiência da lei que define cota de ao menos 30% para cada sexo na disputa eleitoral.


— Supondo que o dinheiro seja a variável mais importante na disputa eleitoral, não basta haver mais candidatas. Essas candidatas têm de ter dinheiro.

Assim como José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, Santos também cita a presença de 'laranjas' na disputa.


— Além disso, muitos partidos não cumprem a cota. Quando fizemos a pesquisa, analisamos 12 partidos. Apenas um cumpria a lei.

Sem ligação com causas femininas

O pesquisador diz que parte das mulheres de destaque entrou para a política por causa da família.

— Há mulheres de famílias tradicionais. São esposas, filhas de políticos conhecidos. Algumas entram até para substituir um parceiro barrado pelo Ficha Limpa. Ou seja, são mulheres que não estão ligadas a causas femininas, mas a outros interesses, como os interesses do grupo familiar.

Para Santos, o financiamento exclusivamente público de campanha não é uma solução.

— Poucos pesquisadores latino-americanos defendem o financiamento 100% público. Isso porque o dinheiro é como a água: se é barrado em um ponto, vaza por outro. Se não entrar no caixa 1, pode entrar no caixa 2.

Ele defende o financiamento feito apenas por pessoas físicas, limitado e melhor controlado.

— Tem de haver uma quantia limite bem determinada. Atualmente, cada pessoa pode doar um determinado percentual da renda. Isso não funciona. Se o dinheiro é importante na política, porque uma pessoa mais abastada pode doar mais que a outra?

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