A maternidade moderna traz desafios diferentes dos que nossas mães e avós viveram. Antigamente a mulher passava mais tempo em casa cuidando de tudo e de todos, hoje ela divide seu tempo com a criação dos filhos, o trabalho, tarefas diárias e o autocuidado, que nem sempre conseguem ter.
Equilibrar as multitarefas não é tarefa fácil, ainda mais se não há uma rede de apoio para as mães. “O maternar hoje é diferente, isso por conta da forma de vida que mudou, da forma das mulheres se colocarem na sociedade. Tudo foi ficando muito diferente, é difícil fazer uma comparação, acho que os nossos desafios correspondem aos nossos tempos”, diz Luciana Lima, psicóloga especialista em maternidade e fundadora do Parental Lab.
Atualmente, as mulheres têm a possibilidade de construir uma carreira profissional antes de optarem pela maternidade, seja se realizando profissionalmente ou com a emancipação financeira, e o momento de se tornar mãe acaba chegando mais tarde.
Tomar essa decisão é extremamente importante, segundo Ana Bárbara Jannuzzi Lago, médica escritora e palestrante. “A fertilidade cai bastante conforme a mulher vai ganhando anos de vida, não que isso seja um problema, mas precisa ser considerado na decisão final de quando vai engravidar e para decidir que essa primeira maternidade, esse primeiro filho ou segundo, enfim, seja uma decisão mais consciente de um todo porquê do lado de cá eu já vi em muitos ambulatórios de fertilidade, muitas mulheres que chegam aos 35, 40 anos e aí decidem engravidar porque já construíram toda sua carreira e encontram as dificuldades de uma infertilidade ou de uma dificuldade de fertilidade.
Passar pelas dificuldades e alegrias faz parte do processo de matrescência, ou seja, o processo de torna-se mãe. Ana ressalta, “A mãe precisa de espaço para ser mãe. Em vários momentos falo sobre rede de apoio, quando a rede de apoio entra demais no maternar da mulher e não deixa que ela seja mãe, e por não deixar, ela não consegue passar por esse processo de matrescência de forma completa”.
Luciana acrescenta, “a matrescência traz a ideia de forças antagônicas e isso é muito importante, porque normalmente a gente olha para uma mãe e quer que ela esteja toda deslumbrante de felicidade, e ela está em alguns momentos, mas em outros ela está em uma noite escura e tenebrosa. A experiência da maternidade exige que a mulher se reconheça, confie em si mesma e se descubra na sua individualidade”.
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