Negros representam dois terços da população carcerária brasileira
Maioria dos presos tem até 29 anos e ensino fundamental incompleto
Brasil|Kaique Dalapola, do R7
Das 493.145 pessoas presas que tiveram raça, etnia e cor classificadas pelo Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias), 64% são negras, o que representa quase dois terços de toda população carcerária brasileira.
Segundo esse censo, que abrange a população carcerária até junho de 2016, o Brasil tem hoje 700 mil pessoas presas — 28% não foram classificados de acordo com as regras acima. No Brasil, 53% da população total é negra, 46% é branca e 1% é classificada como amarela, indígena e "outras".
Os brancos representam 35% das pessoas presas. O 1% restante estão divididos entre pessoas classificadas como amarelas, indígenas e “outras”.
O Acre é onde, proporcionalmente, tem o maior número de negros presos, sendo 95% da população carcerária. O Estado, no entanto, tem informações da raça, cor ou etnia de 40% dos presos. Já o Rio Grande do Sul é o Estado com maior número de brancos presos: 68%.
Apenas o Rio de Janeiro e o Pará têm informações sobre a raça, cor ou etnia de todas as pessoas presas. No Rio de Janeiro, 72% dos presos são negros, 26% são brancos e 3% foram classificadas como “outras”. No Pará o número de negros presos é ainda maior, chegando a 82%, enquanto os brancos representam 14% da população carcerária, amarelos 2% e 1% foi classificado como “outras”.
Os Estados com menos informações sobre raça, cor ou etnia da população carcerária são Maranhão e Pernambuco. Cada um desses dois Estados nordestinos tem as informações de 26% das pessoas presas.
Idade
O levantamento do Infopen tem informações sobre a faixa etária de 75% do total das pessoas presas do Brasil. Desta população, 55% têm idades até 29 anos, sendo 30% entre 18 e 24 anos e 25% com idades entre 25 e 29 anos.
Pessoas com idades entre 30 e 34 anos representam 19% dos detentos no Brasil. O mesmo percentual para os presos com idade entre 35 e 45 anos. Os idosos (mais de 60 anos) representam 1% do sistema carcerário brasileiro, sendo que nenhum deles tem mais de 70 anos.
Escolaridade
Outro dado divulgado pelo levantamento do Infopen é acerca do nível de escolaridade das pessoas presas. O órgão obteve essa informação de 70% da população carcerária brasileira.
Mais da metade (51%) dos detidos com informações de escolaridade classificada tem o ensino fundamental incompleto. Além desses, 6% são alfabetizados sem cursos regulares e 4% são analfabetos. Apenas 1% da população carcerária ingressou no ensino superior, no entanto, consta que nenhum deles se formou.