Em depoimento prestado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato em primeira instância, o ex-ministro Antonio Palocci confessou que operou a conta "amigo" e que o codinome "italiano", presente nas planilhas da Odebrecht, se refere a ele. Palocci também entregou e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que o petista tinha conhecimento do "pacto de sangue" firmado entre o PT e a construtora no pagamento e recebimento de propinas. Em seu depoimento, o ex-ministro ainda confirma as informações prestadas em delação premiada pelos executivos da empreiteira. Palocci relata ainda que ajudou a operar a negociação para compra do terreno do Instituto Lula e que deu a informação de que participou de jantares para tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.Outro lado Em nota, a defesa do ex-presidente Lula diz que Palocci mudou seu depoimento em busca de assinar um acordo de delação premiada. "O depoimento de Palocci é contraditório com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e com as provas apresentadas. [...] Preso e sob pressão, Palocci negocia com o MP acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula", afirma Cristiano Zanin Martins. De acordo com Martins, o ex-ministro "repete o papel" do dono da construtora OAS, Léo Pinheiro, e do ex-senador Delcídio do Amaral, "de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena". Para o advogado, Palocci compareceu ao depoimento "para emitir frases e expressões de efeito" que, segundo ele, foram "anotadas em papéis usados na audiência". "Após cumprirem este papel, delações informais de Delcídio e Léo Pinheiro foram desacreditadas, inclusive pelo MP [Ministério Público]", diz a defesa.