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Partidos colocam candidatas-laranjas para cumprir cota mínima de mulheres, afirma estudioso

José Eustáquio Diniz Alves fala que algumas candidatas fazem campanha para outros

Brasil|Alvaro Magalhães, do R7

O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, coordenador dos cursos de pós-graduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, ligada ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), afirma que a lei que obriga partidos a reservar 30% das vagas de candidatos à Câmara e às assembleias ao sexo com menor número de representantes na disputa intensificou um fenômeno eleitoral: a candidata de voto zero.

— A primeira vez que eu vi isso, eu me assustei: candidatas sem voto. Pelo menos um, elas deveriam ter. Por que não têm? Parte disso se explica pela presença de laranjas na disputa eleitoral. Um candidato chama, por exemplo, a esposa para concorrer. Ela se licencia do trabalho, fica três meses afastada, mas não trabalha na campanha dela. Trabalha para o companheiro.

Alves diz que também há casos de homens-laranjas.

— Há assessores de deputado, por exemplo, que são recrutados para se candidatar. Muitos não estão interessados em se eleger, mas em reeleger o deputado e manter o cargo na assessoria.

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O demógrafo afirma que o domínio masculino da política ocorre desde a época em que mulheres não podiam votar.

— Isso é algo antigo. E hoje ainda são os homens que controlam os partidos, que controlam o caixa das campanhas. O caixa 1 e o caixa 2. O visível é o caixa 1, mas isso também deve se reproduzir no caixa 2.

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Levantamento inédito feito pelo R7, com base em números do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mostrou que candidatos negros receberam, em média, cerca de um terço da média da arrecadação dos brancos nas eleições 2014. Entre mulheres e homens a diferença foi semelhante.

Ele diz que a fraca participação das mulheres em órgãos do executivo também mina a capacidade delas de angariar recurso.

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— Quem já trabalhou em uma secretaria, fechou contratos com empresas, tem mais força para buscar recursos no setor privado. Com uma atuação pequena nesses cargos, as mulheres têm mais dificuldades de convencer as empresas a fazerem doações.

Alves afirma ser contra o financiamento público, mas acredita que a participação das empresas no orçamento dos candidatos deva ser restringida.

— Eu não sou propriamente especialista em financiamento, mas o financiamento público não me parece uma boa solução, assim como não me agrada o financiamento feito pelas empresas. Nesse caso, se não for para acabar, eu creio que o ideal seria restringir bastante. Os candidatos deveriam buscar apoio na sociedade civil, não nas empresas.

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