PF faz operação contra lavagem de dinheiro e ocultação de provas
Policiais estiveram em endereços ligados a Milton Lyra, apontado como líder de organização voltada a crimes contra o sistema financeiro nacional
Brasil|Do R7
O MPF (Ministério Público Federal), divulgou, nesta segunda-feira (19), o balanço da operação Combustão, deflagrada na última quinta-feira (15) pela força-tarefa Postalis, em conjunto com a PF (Polícia Federal), com o objetivo de desarticular esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de provas. Foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Brasília, Recife e Maceió.
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Os policiais estiveram em endereços ligados a Milton de Oliveira Lyra Filho e as empresas usadas pelo investigado para os para lavagem de dinheiro e ocultação de provas — entre elas a Fênix Consultoria e a Meu Storage Locação de Imóveis. Mílton já era alvo de outras investigações da força-tarefa e é apontado como líder de uma organização criminosa voltada a crimes contra o sistema financeiro nacional, tráfico de influência e lavagem de capitais. Somente neste caso, a estimativa é de que a organização movimentou mais de R$ 87 milhões.
A operação teve início após os procuradores terem acesso a informações que revelaram a prática reiterada de abertura e encerramento de empresas e ligadas a Mílton. O objetivo, segundo o MPF, era ocultar e dissimular a natureza, localização e movimentação de valores ilegais recebidos pelos envolvidos.
De acordo com as investigações, Milton Lyra construiu, ao longo dos anos, uma ampla rede de vínculos, diretos e indiretos, com pessoas jurídicas, funcionários, sócios e outros parceiros, com a finalidade de obter vantagens por meio de crimes. Os procuradores também apontam que a organização criminosa atua influenciando em decisões de agentes públicos.
Apesar das medidas restritivas impostas ao investigado, como a impossibilidade de viajar para o exterior ou o bloqueio de valores em contas bancárias, Mílton criou novos meios para continuar a prática de crimes. Além disso, o MPF aponta que o investigado, possivelmente, passou a utilizar um armazém para guardar documentos que desejava ocultar das autoridades.
A operação Combustão apreendeu laptops, celulares, cartões de memória, documentos e até obras de arte. A partir dessas apreensões, os procuradores esperam elucidar os novos fatos descobertos, bem como reunir provas sobre os desvios de valores. Nesse contexto, a medida também pode servir para a recuperação dos danos causados pela organização criminosa.
Outro lado
Milton Lyra divulgou nota negando a acusação. Veja a íntegra da nota:
"Desde 2013 tenho sido vítima de uma implacável perseguição por parte do Ministério Público Federal, que sem ter o que apontar de concreto contra mim, repete os mesmos argumentos, apresenta os mesmos fatos e tenta, com isso, levar o Judiciário e a opinião pública a comprar uma narrativa completamente fantasiosa.
Esta operação deflagrada na quinta-feira (15/10) é mais um exemplo disso. Já fui vítima de diversos pedidos de busca e apreensão, condução coercitiva, detenção, e, até agora, só o que o MPF apresenta são teses sem lastro na realidade, acusações sem provas e com ações meramente midiáticas.
Tenho estado desde sempre à disposição da Justiça e do Ministério Público Federal, inclusive com diversas petições de minha autoria colocando-me à disposição. A despeito disso, nunca fui chamado a prestar esclarecimentos.
Alguns integrantes do Ministério Público Federal perderam a compostura e não fazem questão de esconder. Não é por acaso que sonegam à sociedade qualquer estatística sobre seu trabalho. Esses procuradores não buscam a condenação de quem comete crimes. Buscam notícias. No meu caso pessoal, os fatos falam por si.
A nova investida contra mim só serve para camuflar as inúmeras ilegalidades com que o MPF conduz essas investigações."