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Impacto da covid-19 nas prisões é 48% superior à taxa nacional

Incidência de covid-19 no Brasil, em 16 de outubro, foi de 2.474,6 casos para cada 100 mil habitantes. A cada 100 presos, ela atingiu 3.637 casos

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

Rotina em presídios brasileiros é propagadora da covid-19, diz pesquisador
Rotina em presídios brasileiros é propagadora da covid-19, diz pesquisador Rotina em presídios brasileiros é propagadora da covid-19, diz pesquisador

O impacto da covid-19 nas prisões é 48% superior a média registrada em todo o país. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (19) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nos presídios a taxa de incidência da covid-19 é 47,7% superior a taxa nacional.

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Segundo o estudo, enquanto a incidência de covid-19 no Brasil, em 16 de outubro, foi de 2.474,6 casos para cada 100 mil habitantes, ela atingia 3.637 casos a cada 100 mil presos. “O dia a dia dos presídios brasileiros é um propagador da covid-19", afirmou Renato Sérgio de Lima, pesquisador do Fórum.

De acordo com o Anuário, a desigualdade racial está presente nos presídios. Em 2005, 58,4% dos presos eram negros, em 2019, esse número aumentou para 66,7%. Em contrapartida, em 2005, 39,8% dos presos eram brancos. Em 2019, esse número diminuiu para 32,3%. O estudo mostrou que em 2019 existiam 755.274 pessoas privadas de liberdade e o déficit de vagas chega a 305.660.

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Aumento de mortes violentas

As mortes violentas intencionais voltaram a crescer no 1º semestre de 2020 em todo o país, de acordo com o Anuário de Segurança Pública, feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado nesta segunda-feira (19).

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No primeiro semestre desse ano, foram registradas 25.712 mortes violentas intencionais em todo o país, o que representa um aumento de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado - quando foram registradas 24.012 mortes violentas intencionais. "Existia uma expectativa de que com o isolamento social, houvesse um estancamento de alguns índices, o que não ocorreu", afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum.

"Por um lado, há o fim da trégua entre organizações criminosas que disputam rotas importantes de cocaínas e outras drogas. Por outro lado, a pandemia acentuou os feminicídios em todo os país. Esses dois fatores ajudam a explicar o aumento no número de mortes violentas", afirma a pesquisadora.

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O estudo revelou ainda que, nesse período, 110 policiais foram assassinados, o que representa um aumento de 19,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao número de mortes decorrentes de intervenções policiais, foram 3.181 vítimas, um crescimento de 6% ante o mesmo período de 2019.

“Somos um país profundamente violento e não conseguimos enfrentar o problema da violência de forma satisfatória”, afirma Renato Sérgio de Lima. “Basicamente, o Brasil vê um repique considerável, que não é pontual, pensando em um fenômeno nacional.”

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O Ceará se destaca nesse cenário com 2.340 mortes violentas no primeiro semestre desse ano ante 1.190 no ano passado - uma variação de 96,6%, a maior entre os estados. Segundo os pesquisadores, essa variação decorre da paralisação da polícia militar ocorrida em fevereiro deste ano.

Naquele momento, houve uma reorganização das facções criminosas. “As polícias precisam refletir sobre como oferecer um serviço de mais qualidade com melhores condições de atuação”, afirmou o pesquisador. "A crise veio junto com um novo padrão de atuação do crime organizado: as disputas por território e por pontos de drogas começaram a crescer."

Segundo o pesquisador, as condições de trabaho dos policiais é um problema estrutural do país. "A agenda do trabalho e da reforma das polícias precisa ser enfrentada."

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