Retorno de professores às aulas presenciais se tornou uma questão ética e extremamente urgente
Protocolos de segurança, testagem sistemática e o avanço da vacinação permitem a volta à normalidade – crucial para os jovens
Brasil|Marco Antonio Araujo, do R7
Não há categoria mais respeitada (junto com a dos profissionais da saúde) do que a de professores. Todos sabemos da importância (e extremas dificuldades) dessa atividade estratégica para qualquer país. Mas, por conta da pandemia, nem eles escaparam da famigerada polarização que vem destroçando o Brasil.
A recusa de boa parte dos docentes em participar de aulas presencias foi um consenso no início do confinamento, quando pouco se sabia da Covid-19, o número de casos e mortes entrou em escalada e nem sequer havia vacinas no horizonte próximo.
Mas a situação aos poucos foi mudando, conseguimos avanços significativos e – mesmo ainda longe de eliminar o vírus do nosso convívio – a questão do retorno das atividades escolares ganhou defensores qualificados, argumentos científicos, urgência pedagógica e um agora expressivo contingente de pais dispostos a enviar seus filhos de volta ao convívio escolar.
Principalmente para os alunos da educação pública, a sala de aula (e a merenda, o suporte direto de professores) é como a diferença entre um zero e um dez. Os governos, todos se mostram incapazes de oferecer um ensino remoto de mínima qualidade. Foi um fracasso generalizado.
Com isso, já é mensurável: aumentou de forma assustadora a evasão escolar. E o desnível com estudantes assistidos pelo ensino privado cava um poço ainda mais profundo de desigualdade. Sem exagero, as crianças que estão longe da escola desde o início da pandemia vão sofrer duramente no futuro, tanto para arrumar empregos qualificados quanto para enfrentar o percurso até o fim do ensino médio. É uma tragédia geracional.
A insistência com que parcela dos professores lutam por judicializar o conflito com governos estaduais tende, em breve, a colocar toda a opinião pública contra a nobre categoria. Está faltando ética profissional, alteridade com a juventude, compromisso com a sociedade e sensatez pessoal. A questão, tudo indica, deveria estar esgotada, e não se arrastando em tribunais.
Seguidos os já conhecidos protocolos de segurança, promovendo testagem sistemática e com o avanço da vacinação (que, no caso de São Paulo, já cobriu toda a população adulta com ao menos uma dose) não há nada razoável que justifique o abandono de nossas crianças e jovens.
A educação é dever de todos, família, governo e sociedade. Nunca a expressão “volta às aulas” foi tão crucial. Já perdemos muito tempo. Para alguns, de forma irreversível.