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Teich diz ser inadequada liberação da cloroquina pelo CFM

Conselho Federal da Medicina liberou, no ano passado, uso do remédio sem comprovação científica em três situações

Brasil|Plínio Aguiar, do R7

Na imagem, ex-ministro da Saúde Nelson Teich
Na imagem, ex-ministro da Saúde Nelson Teich

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich avaliou, nesta quarta-feira (5), como inadequada a postura do CFM (Conselho Federal de Medicina), que liberou no ano passado o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19 em três situações.

A afirmação foi feita por Teich em depoimento na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da covid-19 no Senado Federal. "É uma postura inadequada, porque pode estimular o uso de um remédio que a gente não tem comprovação e em condições de o paciente pode estar mais exposto ao não ter cuidados necessários para o uso do medicamento, então minha posição é contrária", disse.

Em abril de 2020, o presidente do conselho, dr. Mauro Ribeiro, disse que não existe nenhuma evidência científica forte que sustente o uso da hidroxicloroquina, no entanto, em função de estudos observacionais, libera o medicamento em três casos, desde que haja consentimento do paciente e que médico alerte sobre a eficácia não comprovada e efeitos colaterais já observados do uso do remédio.

Atividades essenciais


Em 11 de maio de 2020, o presidente Jair Bolsonaro editou decreto que incluiu academias de ginástica e serviços como salões de beleza e barbearias como serviços essenciais. A lista engloba atividades que poderiam funcionar no atual estado de calamidade pública, causado pela pandemia de covid-19.

A informação foi dada enquanto Teich dava uma coletiva de imprensa no Ministério da Saúde. Na ocasião, um repórter o questionou sobre a nova inclusão das atividades essenciais, e o ex-ministro disse que não estava sabendo. O tema foi lembrado por senadores durante depoimento na CPI. 


"No decreto dizia que teria que acontecer de acordo com a orientação do Ministério da Saúde. Obviamente, esse tipo de discussão deveria ter sido prévio. Eu acho que ali foi uma coisa que poderia ser tido, a forma, mais estruturada", diz Teich.

O ex-ministro acredita, ainda, que Eduardo Pazuello, então secretário-executivo e presente na coletiva de imprensa, também não sabia da mudança feita por Bolsonaro. "Pela reação, acho que ele também não sabia. A minha impressão era de que ele não sabia. Nunca aconteceu nada que me apontasse o contrário."


Teich disse, mais cedo, que durante sua gestão, as coletivas de imprensas foram reduzidas, mas nunca com o objetivo de cercear a transparência das informações. 

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Filhos do presidente

O ex-ministro foi questionado por senadores se os filhos do presidente participavam de reuniões do Ministério da Saúde sobre enfrentamento à pandemia de covid-19. "Eu tinha algumas reuniões com o presidente, mas lembrar da presença dos filhos na reunião é difícil, eu não lembro. Eu nunca me dirigi a eles, nunca conversei com eles, nunca discuti nada com eles", contou.

"Se eles poderiam estar em algum momento fisicamente ali, mas eles não tiveram nenhuma interferência em qualquer reunião que eu tivesse feito com o presidente. Eu não lembro. Se eles estavam na reunião não foram pessoas que tiveram alguma participação ativa, porque senão eu lembraria", acrescentou.

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