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'01 de Bolsonaro': ex-major preso por fraudes em cartões de vacinação foi expulso do Exército

Ex-militar, também conhecido como '01 de Bolsonaro', tem histórico de atropelamento, agressão e abuso sexual

Brasília|Hellen Leite e Augusto Fernandes, do R7, em Brasília


Ailton Barros, preso pela PF por suspeita de fraude em cartões de vacina
Ailton Barros, preso pela PF por suspeita de fraude em cartões de vacina

Preso pela Polícia Federal durante a operação que investiga supostas fraudes nos certificados de vacinação contra a Covid-19, o ex-major Ailton Gonçalves Moraes Barros, de 61 anos, foi expulso do Exército em 2006 devido a uma série de polêmicas na época em que era capitão. São casos de tentativa de abuso sexual, atropelamento, desacato e intimidação. Ele também chegou a ser preso em várias ocasiões.

Nascido em Alegrete, a 491 km de Porto Alegre (RS), Ailton se mudou para o Rio de Janeiro ainda na infância. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na eleição de 2022, Ailton declarou patrimônio de R$ 388 mil. Ele foi candidato a deputado estadual pelo PL e passou a se apresentar como o “01 de Bolsonaro”.

Ex-major do Exército Ailton Barros ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro
Ex-major do Exército Ailton Barros ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro

Antes de ter o nome ligado às fraudes em cartões de vacina e conspiração contra o Estado, o ex-paraquedista do Exército teve o nome citado em uma série de processos no Superior Tribunal Militar (STM) e foi preso pelo menos sete vezes, entre 1997 e 2006, quando foi expulso.

Em 1997, quando servia como capitão em Natal (RN), Ailton foi punido por ter “traído a confiança de seu comandante” ao permitir o acesso de civis ao acampamento militar e a uma viatura. No mesmo processo, ele foi acusado de ter tentado abusar sexualmente de uma mulher na área do Exército.

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Dois anos depois, em 1999, quando servia no Centro de Instrução Paraquedista General Penha (RJ), Ailton se envolveu em uma confusão com um soldado. Segundo o processo do STM, após uma briga ele agrediu e atropelou o militar do Exército de propósito. Em seguida, fugiu do local. O soldado atingido ficou gravemente ferido.

Outra ocorrência que envolve um soldado da Polícia do Exército foi registrada em 2001, também no Rio de Janeiro, quando Ailton desacatou e intimidou o policial que fazia patrulhamento de trânsito. O processo ainda diz que Ailton “faltou com a verdade” em depoimento a respeito da ocorrência, além de ter tentado usar ilegalmente um carimbo do Exército para dar características de documento oficial a uma correspondência pessoal.

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Leia também: Em depoimento, empresário nega ter financiado ações no QG do Exército

As últimas punições de Barros antes de ser expulso aconteceram em 2002, por ele ter concedido entrevista à imprensa sem autorização. Na TV Educativa, ele criticou a Polícia do Exército em um programa que discutia racismo dentro da instituição.

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No mesmo ano, ele foi punido por ter dado duas entrevistas ao Jornal do Brasil em que atacava autoridades do Exército. No processo que decidiu pela expulsão do ex-militar, os ministros do STM consideraram o episódio “altamente censurável, inconcebível e intolerável”.

Logo em seguida, ele ainda respondeu por ter feito campanha eleitoral e distribuído panfletos com críticas ao Exército na Vila Militar. Quando foi abordado, Ailton se exaltou e se recusou a se identificar. Naquele ano, ele tentou se eleger deputado estadual, mas não conseguiu.

A decisão que expulsou Ailton do Exército diz que ele foi “considerado incapaz de permanecer no serviço ativo do Exército sob argumento de que tem reiterada conduta irregular de atos que afetam o pundonor [matéria ou ponto de honra, aquilo de que não se pode abrir mão, sob a ameaça de ser ou sentir-se desonrado] militar e o decoro da classe”.

Após perder a patente, Ailton se formou em direito e chegou a atuar no caso de Leniel Borel, pai do menino Henry, morto em março de 2021, no Rio de Janeiro.

Operação Venire

Ailton Barros e outras cinco pessoas foram presas pela Polícia Federal na última quarta-feira (3) na Operação Venire, que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no sistema ConecteSUS, do Ministério da Saúde. Entre os beneficiários estariam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a filha dele, Laura Bolsonaro.

De acordo com a Polícia Federal, as inserções falsas foram feitas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. O crime teria sido praticado para burlar restrições sanitárias e permitir viajar para países como os Estados Unidos, que exigiam vacinação à época para entrar no país. As informações foram excluídas posteriormente.

Os envolvidos são investigados por crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. As ações ocorrem dentro do inquérito policial que investiga as chamadas "milícias digitais", supostas organizações de difusão de informações falsas na internet com o objetivo de influenciar resultados eleitorais e atentar contra a democracia.

Caso Marielle Franco

Ao longo da investigação sobre fraudes em dados de vacinação do ex-presidente, a PF obteve conversas entre Barros e o tenente-coronel do Exército Mauro Barbosa Cid em aplicativos de mensagem, e em uma delas Barros afirmou saber quem mandou matar a vereadora Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes.

"Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão. Sei quem mandou. Sei a p... toda. Entendeu?", diz a mensagem de áudio de Ailton transcrita no relatório da Polícia Federal. No diálogo, no entanto, ele não revela o nome do suposto mandante do crime.

Em declaração ao JR Entrevista, na sexta-feira (5), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que a corporação deve coletar o depoimento do ex-major na investigação sobre a morte da vereadora.

Marielle Franco foi executada ao sair de um evento na Casa das Pretas, localizada na Lapa, região central do Rio, no dia 14 de março de 2018. Imagens de câmeras de segurança registraram o início da perseguição ao carro com Marielle e Anderson por um veículo prata. No entanto, os disparos foram feitos em uma rua onde não havia sistema de monitoramento.

No carro também estava uma assessora de Marielle, que saiu ilesa. A vereadora foi atingida por quatro tiros na cabeça, e o motorista, por três. A arma usada no crime foi uma submetralhadora HK MP5, de fabricação alemã.

Há dois acusados de cometer o crime: Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz. Eles estão presos de forma preventiva e serão julgados pelo Tribunal do Júri, como já confirmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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