Em meio à revisão do corte de gastos no governo federal, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta segunda-feira (28) que “não existe social sem fiscal”. Em agenda em São Paulo, a responsável pela área econômica defendeu o término de políticas públicas consideradas ineficientes para que o país possa dar um salto de qualidade na área de infraestrutura e alcançar maiores investimentos externos.“Não existe social sem fiscal. Os números estão aí mostrando que tudo que tinha que dar certo, deu. Só falta uma coisa: ter coragem de cortar aquilo que é ineficiente. Erros e fraudes foram cortados em 2023 porque vieram fruto da pandemia. Agora é hora de acabar com políticas públicas que são ineficientes para que possamos não fazer superávit, mas fazer os investimentos necessários”, afirmou Tebet.Segundo a ministra, o investimento em infraestrutura brasileira precisa ao menos dobrar. “E quando falamos em dobrar, significa ter parceiros, investimentos estrangeiros e nacionais. É disso que precisamos: parceria”, destacou Tebet em evento promovido pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), na capital paulista. Tebet relatou que, em sua visita aos Estados Unidos na última semana, os investidores estrangeiros, como bancos e demais atores, demonstraram que estão de olho no Brasil. Entre os motivos, estão a cúpula do G20, no Rio de Janeiro, em novembro deste ano e a COP30 no ano que vem. Na sequência, a ministra do Planejamento citou as cinco rotas de integração na América do Sul. “Nós temos uma janela de oportunidade impar. Estamos no lugar certo e na hora certa. Há mais de 30 anos fala da integração regional na América do Sul para diminuir as desigualdades regionais. Mas mais do que isso, nós não vamos acabar com a miséria, com as desigualdades sociais, se não diminuirmos as desigualdades regionais no Brasil”, destacou. Recentemente, integrantes do governo afirmaram que as medidas de revisão de gastos vão permitir que o arcabouço fiscal tenha “vida longa” no Brasil. O pacote deve ser enviado ao Congresso Nacional após o segundo turno das eleições municipais, ocorrido no último domingo (27). O pente-fino em benefícios sociais indevidos foi concluído, e etapa seguinte requer a aprovação das mudanças.O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relatou que as propostas devem vir na forma de projeto de lei, mas também via PEC (Proposta de Emenda à Constituição), uma vez que há mudança constitucional. O titular também foi questionado sobre o espaço fiscal que será aberto com as propostas, mas evitou definir um número.A revisão dos benefícios sociais é a principal aposta do Executivo para cortar gastos públicos. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressalta, porém, que os programas não serão reduzidos – trata-se da exclusão de beneficiários que não se encaixam nos parâmetros e da alteração de benefícios duplicados, por exemplo.