Após reunião com Lula, Padilha confirma troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Turismo
A atual ministra foi comunicada da decisão do governo nesta quinta-feira; o União Brasil fará a indicação do novo chefe da pasta
Brasília|Do R7, em Brasília
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou na noite desta quinta-feira (6) que a atual ministra do Turismo, Daniela Carneiro, deixará o cargo. Padilha afirmou, em nota, que a decisão foi comunicada em uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que o deputado federal Celso Sabino (União-PA) será o novo titular da pasta.
O martelo foi batido no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados iniciou a votação da reforma tributária — a qual o União Brasil, partido de Sabino e Daniela, pediu que fosse adiada para o segundo semestre.
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"Hoje, o presidente Lula e eu recebemos, no Palácio do Planalto, a minha colega Daniela Carneiro, acompanhada do prefeito Waguinho. Na conversa, pudemos esclarecer as questões partidárias que motivam a troca no Ministério do Turismo, e a ministra demonstrou sua compreensão com a decisão do governo", disse Padilha, responsável pela articulação política.
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A indicação do substituto de Daniela será feita pelo partido. "O presidente Lula e eu nos reuniremos com o presidente e os líderes do União Brasil, em data a ser definida amanhã, para receber a indicação do deputado Celso Sabino, que vai liderar a pasta do Turismo", escreveu o ministro.
Devem participar da reunião os deputados federais Elmar Nascimento (União-BA) e Luciano Bivar (União-PE), líder do partido na Câmara dos Deputados e presidente nacional da legenda, respectivamente, além do senador Davi Alcolumbre (União-AP). O encontro deve ocorrer no Palácio da Alvorada.
Com a saída do ministério, Daniela retorna para a Câmara, pois foi a deputada federal mais votada do Rio de Janeiro nas eleições do ano passado, com 213,7 mil votos.
Idas e vindas
Esta quinta-feira (6) foi marcada por incertezas sobre a permanência de Daniela. Lula se reuniu, às 15h, com ela e seu marido, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, no Palácio do Planalto.
Durante o encontro, a ministra não pediu demissão, o que era esperado. "Sigo ao lado do presidente Lula trabalhando por um Brasil mais digno e justo para todos os brasileiros", escreveu Daniela, depois da reunião, numa rede social.
Após o encontro com Lula, porém, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, afirmou que Daniela disponibilizou a cadeira ao presidente.
"Não tem carta [de demissão], mas a ministra já colocou o cargo à disposição. Na realidade, é só o anúncio de quem ficará no lugar dela, que ocorrerá depois que as conversas forem concluídas. Ela já comunicou o presidente e ela já tem conhecimento que será indicado um outro nome para ocupar a função que hoje ela tem", declarou Pimenta.
A saída de Daniela está pacificada dentro do Executivo. Ela deixará o cargo por ter rompido com o União Brasil, ao anunciar a desfiliação da sigla. O partido pressionou o governo pela saída da ministra. A tendência é que Daniela migre para o Republicanos, assim como seu marido.
União Brasil de olho na Embratur
De acordo com relatos de fontes colhidos pelo R7, o União Brasil quer também a chefia da Embratur, cujo orçamento é formado por fontes diversas, como recursos provenientes de contratos celebrados com organismos internacionais, prestação de serviços e venda de bens ou serviços, entre outros. Em 2022, a agência teve R$ 100 milhões de caixa.
O deputado federal Marcelo Freixo (PT-RJ), que preside a Embratur, filiou-se ao PT em maio deste ano e é aliado de Lula. Segundo fontes do Palácio do Planalto, o petista é reticente quanto à ideia de entregar a agência de turismo ao União Brasil. Freixo não quis comentar o episódio.
Negociações após a saída
Daniela espera ter protagonismo na Câmara dos Deputados. Ela já afirmou que vai continuar a apoiar Lula, mesmo fora do ministério, mas espera compor a liderança do governo na Casa assim que a demissão for efetivada.
Hoje, o líder é o deputado José Guimarães (PT-CE), e outros 17 parlamentares ocupam a função de vice-líderes. A ministra também tenta ser nomeada vice-líder do governo.
Além disso, Daniela espera o apoio do Palácio do Planalto para ser escolhida como relatora de projetos de interesse do Executivo no segundo semestre.
A negociação da ministra com Lula teve a participação do marido dela. Nas eleições do ano passado, o presidente se aproximou do casal e criou uma boa relação com os dois. O petista deve fazer um gesto também a Waguinho e autorizar obras nas áreas de saúde e educação em Belfort Roxo.
O acordo para a demissão de Daniela pode envolver a construção, no município, de uma creche, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de uma escola técnica ou de um hospital de câncer, além da inclusão do local em qualquer obra de infraestrutura ligada ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).