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Brasil deve ter relação pragmática com Argentina caso Javier Milei ganhe eleições, dizem especialistas

Itamaraty não vai cortar laços se deputado ultraliberal de direita que venceu primárias se tornar presidente, segundo analistas

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Se o economista e deputado ultraliberal de direita Javier Milei vencer a eleição presidencial na Argentina, em outubro, especialistas acreditam que o Brasil vai manter um comportamento pragmático em relação ao vizinho, a despeito de posicionamentos políticos distintos entre Milei e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No último fim de semana, Milei venceu as eleições primárias, consideradas uma prévia da votação oficial na corrida à Casa Rosada.

Nas primárias, Milei teve 30,26% do total nacional (6,86 milhões de votos), um percentual que não havia sido previsto nas pesquisas. O resultado das prévias, segundo analistas, não vai mudar a relação diplomática do Brasil com a Argentina, já que elas servem apenas para qualificar os candidatos que vão disputar os cargos em cada partido.

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No entanto, a tendência é que o Itamaraty não mantenha a mesma proximidade que tem hoje com o presidente Alberto Fernández, amigo pessoal de Lula, se Milei confirmar a vitória no pleito de outubro.

De todo modo, o Brasil não vai cortar os laços caso Milei se torne presidente, visto que a Argentina é o principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul e o terceiro no mundo. De janeiro a julho deste ano, as exportações para a Argentina somaram US$ 11 bilhões, enquanto as importações registraram a marca de US$ 6,9 bilhões.


Em uma eventual vitória de Milei em outubro%2C podemos esperar uma relação pragmática com o Brasil%2C assim como ocorreu na relação Jair Bolsonaro-Alberto Fernández. Apesar das diferenças ideológicas e políticas%2C seria prejudicial para a Argentina perder um importante parceiro econômico como o Brasil%2C principalmente com os indícios de que a crise econômica argentina ainda deve se prolongar%2C mesmo com a ascensão de um novo governo.

(Nicholas Borges, consultor de análise política e relações governamentais da BMJ Consultores Associados)

Eliminação do Banco Central argentino

Milei é considerado um político ultraliberal. Algumas de suas propostas para a economia incluem a eliminação do Banco Central argentino. Ele também defende a dolarização da economia e a adoção do ouro e de criptomoedas como padrão monetário. Além disso, mostra-se favorável a propostas como taxação da educação e da saúde e permissão para a venda de armas e órgãos humanos.

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Professor de relações internacionais da Universidade Federal de Santa Maria, Günther Richter Mros diz que Milei pode vir a ter algum problema com o Brasil mais pela postura ultraliberal na economia do que pelo comportamento ideológico diferente do de Lula. Para ele, a relação comercial com outros países da América do Sul também pode ser impactada.


"O radicalismo econômico pode afetar mais as relações com o Brasil do que o conservadorismo. A política conservadora de Milei vai gerar uma convulsão interna, e a libertária vai gerar atritos com vizinhos, pois é uma postura anti-integracionista, que vai na contramão dos governos de esquerda que estão tentando se realinhar no continente e emplacar uma pauta progressista e desenvolvimentista para a região", analisa.

De qualquer forma, Mros não acredita em rompimento, pelo menos por parte do Brasil.

O Brasil vai se comportar como sempre fez no âmbito do Itamaraty%2C de forma tradicional e bastante pragmática. Da parte do Brasil%2C não vai haver nenhuma posição dura contra. O Brasil não vai dar palpite. Pode ser que o presidente dê alguma opinião pessoal%2C mas ela não vai ser vista em uma nota do Itamaraty nem em manifestação do chanceler Mauro Vieira.

(Günther Richter Mros, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria)

Resultado das primárias na Argentina

Milei é o líder da frente A Liberdade Avança e não teve adversários na eleição partidária do fim de semana. Depois dele, outra frente de oposição ao presidente Alberto Fernández foi a segunda mais votada nacionalmente: a Juntos pela Mudança, com 28,24% dos votos.

A disputa pela candidatura da frente foi vencida pela ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich, com 17% dos votos em todo o país, contra 11,25% do prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

O atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, foi o segundo pré-candidato mais votado em termos nacionais, com 21,32%, levando a melhor com sobras na disputa pela candidatura presidencial pela frente União pela Pátria, já que o advogado Juan Grabois obteve 5,79%. A coalizão peronista e de base do atual governo, porém, foi apenas a terceira mais votada no país, com 27,11%.

Além de Milei, Massa e Bullrich, dois outros candidatos conseguiram votos suficientes para se qualificar para disputar as eleições presidenciais de outubro: o governador da província de Córdoba, Juan Schiaretti, e Myriam Bregman. Eles vão concorrer ao pleito porque suas frentes políticas superaram a cláusula de barreira de mais de 1,5% dos votos nas primárias.

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