A previsão das obras de uma linha do BRT entre o Distrito Federal e Luziânia (GO), ainda em fase de estudos, precisa de uma gestão diferenciada para conciliar as responsabilidades da União, do Distrito Federal e de Goiás. A avaliação é da secretária Maria Caroline Fleury, que chefia a Secretaria do Entorno do DF, pasta do Governo de Goiás. Ela deu a declaração em audiência pública no Senado na manhã desta quinta-feira (4), e afirmou que é preciso garantir que a operacionalização da obra se sustente sozinha.A secretária alertou que, além da conclusão das obras, é necessário avançar no aspecto de governança do transporte entre os dois estados. “Por ser interestadual, como vamos integrar a ANTT [Agência Nacional de Transporte Terrestre - atual responsável pelo transporte no trecho] e o governo de cada estado? Será um consórcio inter-federativo? Uma autarquia será criada? É fundamental que pensemos, também, no subsídio para esse transporte para reduzir o preço das passagens”, avaliou.Fleury acrescentou que o tema é preocupação do grupo de trabalho que discute as obras atualmente.“Hoje, se a gente estalasse os dedos e o BRT estivesse pronto, a gente não conseguiria operacionalizar isso. Então, é necessário ter cautela. Estamos falando de 240 mil pessoas que fazem esse deslocamento no Entorno do DF, sendo 60% disso de mão de obra de trabalho. Hoje, as pessoas passam horas no transporte e pagam uma tarifa absurda por um transporte de péssima qualidade” disse.O trecho da BR-040 que receberá a obra do BRT até o Trevo de Luziânia passa por processo de concessão para uma nova empresa, que será responsável por manutenção da via e prestação de serviços médicos e mecânicos. O projeto de concessão, no entanto, deve ser adequado às obras do BRT.A secretária Nacional de Transporte Rodoviário do Ministério de Transportes, Viviane Esse, explicou que a concessão prevê, por exemplo, a ampliação de vias marginais e vias nos canteiros centrais, de forma que minimizem os transtorno para a população.“A concessão da BR-040 do DF até Cristalina está prevista para o ano que vem. No momento, esse trecho atua em nível F, ou seja, com congestionamento muito significativo e alto índice de acidentes. Por isso, a concessão prever a construção de mais vias marginais ou no canteiro central. Mas isso será adequado de acordo com o andamento do projeto do BRT. É necessário deixar claro que mesmo com a ampliação das vias, essa não é uma ação definitiva e precisa de mais estratégias”, explicou.A obra do BRT até Luziânia está prevista no Novo PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) com recursos de R$ 28,3 bilhões, até 2026. A proposta ainda inclui um trem de alta velocidade até Goiânia.A audiência pública para debater os temas foi solicitada pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO). Segundo o parlamentar, “a implementação desses projetos é crucial para a mobilidade urbana, a sustentabilidade ambiental e a qualidade de vida dos cidadãos de Goiás e do Distrito Federal”.Ele ressaltou que o debate sobre o empreendimento é necessário devido à sua relevância para o desenvolvimento social e econômico da região.