‘Continuamos acreditando em crescimento acima de 2%’, diz Haddad após BC reduzir previsão
Banco Central revisou expectativa de crescimento do PIB, de 2,1% para 1,9%, por novas projeções para agricultura, serviços e indústria
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quinta-feira (27) que o governo federal mantém a expectativa de crescimento acima de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano. A declaração de Haddad foi feita em referência à revisão do dado feita pelo Banco Central nesta quinta — a autoridade monetária reduziu a projeção do PIB de 2025 de 2,1% para 1,9%, como consta no Relatório de Política Monetária de março. A análise do BC também inclui expectativas negativas para o alcance da meta da inflação (leia mais abaixo).
“Eu não vi o relatório [do BC], mas nós continuamos com a previsão de crescimento da economia brasileira na forma da lei orçamentária. Não revimos ainda o PIB. Nós continuamos acreditando num crescimento acima de 2%. Mas cada um tem uma metodologia, os dois órgãos são muito sérios e tem toda a liberdade de fazer prognóstico. Mas prognósticos de crescimento são sempre prognósticos”, defendeu o ministro, ao destacar que os cálculos não são exatos.
“São aproximações. Mas eu penso que a Secretaria de Política Econômica [do Ministério da Fazenda] tem feito um bom trabalho, de dois anos para cá, no sentido de se aproximar mais fidedignamente das projeções. As nossas projeções têm sido, de fato, próximas do que está acontecendo na economia brasileira”, completou, em conversa com jornalistas no Ministério da Fazenda.
A mudança feita pelo Banco Central incorpora novas projeções para o PIB agropecuário (4% para 6,5%), de serviços (1,9% para 1,5%) e industrial (2,4% para 2,2%). O índice é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
Segundo o BC, a revisão considerou a queda no crescimento do PIB ao longo do ano passado. “O PIB cresceu fortemente em 2024, 3,4%, mas desacelerou mais que o esperado no quarto trimestre, ao crescer 0,2%. A desaceleração foi mais nítida nos setores mais sensíveis ao ciclo econômico, no consumo das famílias e na formação bruta de capital fixo. Nesse contexto, a projeção para o crescimento do PIB em 2025 foi revisada para baixo, de 2,1% para 1,9%, com maior redução na expectativa dos componentes mais cíclicos”, destaca o relatório.
Inflação fora da meta
O teto da inflação no Brasil, definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Assim, a inflação pode variar de 1,5% a 4,5%. No entanto, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, fechou fevereiro com acúmulo de 5,06% em 12 meses.
O relatório do BC afirma que alcançar a meta da inflação em 2025 é “desafiador”. Pelo documento do banco, o dado só deve ficar dentro da margem tolerada no terceiro trimestre de 2027.
“Nas projeções do cenário de referência, a inflação continua acima do limite do intervalo de tolerância ao longo de 2025, começando a cair a partir do quarto trimestre, mas ainda permanecendo acima da meta. Nesse cenário, a inflação acumulada em quatro trimestres fica na faixa de 5,5%-5,6% nos três primeiros trimestres de 2025, cai para 5,1% no final do ano, 3,7% em 2026 e 3,1% no último período considerado, referente ao terceiro trimestre de 2027″, diz o relatório.