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Debater vacinação compulsória diminui adesão, diz especialista 

A pediatra Isabella Ballalai comemora inclusão das crianças, mas lamenta que o ministro da Saúde não tenha recomendado a vacina

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Médica pediatra, Isabella Ballalai ressalta a importância de a população aderir à vacinação
Médica pediatra, Isabella Ballalai ressalta a importância de a população aderir à vacinação Médica pediatra, Isabella Ballalai ressalta a importância de a população aderir à vacinação

Diferentemente das vacinas infantis incluídas no PNI (Programa Nacional de Imunização), as doses preventivas contra a Covid-19 não terão caráter obrigatório para as crianças. Defensora da imunização em crianças e especialista em saúde escolar, a médica pediatra Isabella Ballalai acredita que a discussão sobre a vacinação compulsória, neste momento, tem potencial de trazer um efeito reverso e afastar as pessoas das salas de vacinação. 

"Isso ainda vai gerar muita discussão. Do meu ponto de vista, discutir a obrigatoriedade é a última coisa que temos que fazer, já que temos uma população que procura a vacina quando percebe o risco da doença", explica Ballalai, em entrevista concedida ao R7. Ela comparou a polarização do tema com o enredo da Revolta da Vacina, quando a população se rebelou contra a lei que obrigava à vacinação contra a varíola, num momento em que a insatisfação se dava em meio a um contexto político, com movimentos de abolição da escravatura e fim do regime monárquico.

Fazendo um paralelo%3A até as pessoas a favor da vacinação se colocam contra%2C com o argumento de não respeitar a liberdade de cada um. Alimentar essa discussão sobre a obrigatoriedade é o que mais fazem os grupos que discordam da vacinação%2C o que gera%2C sem dúvida nenhuma%2C a diminuição da adesão da população à vacina

(Isabella Ballalai, médica pediatra)

Representante da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) na audiência pública que discutiu a inclusão das crianças de 5 a 11 anos no PNO, Ballalai comemora a decisão do Ministério da Saúde de disponibilizar a vacina, sobretudo entendendo que a cobrança de uma prescrição médica traria uma barreira ao acesso da população. 

Na própria consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde, a maioria dos participantes se colocou contra a exigência da prescrição. Mesmo assim, a recomendação da pasta é que os pais e responsáveis procurem um médico antes de vacinar seus filhos. 

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Ballalai afirma que a resistência do ministério em instruir diretamente a população a procurar os postos é inédita e tem potencial de atrapalhar a adesão. Ela cita que, pela literatura, a hesitação vacinal é gerada por dois principais fatores: a falta de confiança nas autoridades e nos profissionais de saúde. 

"Quando o ministro vai a uma coletiva e não diz que recomenda, apenas disponibiliza e ainda pede que a população procure avaliação médica, isso gera mais dúvida", critica a médica. Para ela, esse foi um dos pontos mais preocupantes em relação à postura do ministério. "A recomendação é importante para que as pessoas tenham confiança, para que as famílias procurem os postos vacinais."

Mesmo assim, ela acredita que a cultura vacinal brasileira vai superar essa barreira, e diz que, por parte das sociedades médicas, a orientação é se vacinar. "A dica para os pais é que, agora, a decisão está nas mãos deles. A maioria das sociedades médicas, talvez a totalidade, se coloca pró-vacina. Então a nossa recomendação é que os pais levem seus filhos para receber a vacina contra a Covid-19."

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