Dois jovens foram assassinados a cada hora no Brasil em 2022, mostra Atlas da Violência
Média nacional de homicídios de jovens caiu em dez anos, mas sete estados tiveram alta; DF, São Paulo e Goiás lideram quedas
Brasília|Jéssica Gotlib, do R7, em Brasília
Pelo menos dois jovens, com idades entre 15 e 29 anos, foram assassinados a cada hora no Brasil em 2022. Foram 22.864 pessoas mortas nessa faixa etária em todo o país naquele ano, uma média de 62 por dia. Considerando a série histórica de 2012 a 2022, foram 321.466 jovens vítimas letais da violência no país. Os dados são do relatório Atlas da Violência 2024, divulgado na terça-feira (18).
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Apesar dos índices considerados alarmantes pelos pesquisadores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o número de homicídios de jovens caiu em todo o país nos 11 anos do estudo. Foi uma variação de -25,3% no Brasil durante o período. A redução é ainda maior em locais como o Distrito Federal (-70,4%), São Paulo (-61,9%) e Goiás (-48,1%).
Na contramão do país, sete estados tiveram aumento na violência letal contra jovens entre 2012 a 2022: Acre (10,9%), Amapá (37,2%), Amazonas (31,8%), Bahia (10%), Piauí (43,1%), Roraima (48,6%) e Tocantins (13,2%). Dos sete estados da Região Norte, apenas Pará e Rondônia tiveram redução no número de assassinatos de menores de 29 anos no país. Com queda de 7,8% e 19,2%, respectivamente, ambos tiveram redução menor que a média nacional.
Homens seguem como maiores vítimas entre os jovens
Em 2022, o Brasil teve 86,7 assassinatos de homens com menos 29 anos de idade para cada 100 mil habitantes. Segundo o relatório, “a criminalidade violenta produz diversas externalidades negativas, entre as quais se destacam o menor crescimento econômico, a redução no desenvolvimento educacional de crianças e adolescentes e a diminuição da participação no mercado de trabalho”.
O documento mensura a perda de oportunidade de experimentar novas fases da vida pelo indicador APVP (Anos Potenciais de Vida Perdidos). O método contabiliza a quantidade de anos de vida perdidos devido a mortes prematuras, em comparação com uma expectativa de vida estabelecida, neste caso, de 70 anos.
“No contexto brasileiro, os 321.466 homicídios de jovens ocorridos entre 2012 e 2022 resultaram na perda de 15.220.914 anos potenciais de vida”, destaca o atlas.