Em posse no BNDES, Mercadante fala em fortalecer parcerias com países vizinhos e exportação
Ex-senador assume a presidência do banco em cerimônia com a presença do presidente Lula e do vice, Geraldo Alckmin
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O ex-senador Aloizio Mercadante tomou posse nesta segunda-feira (6) como presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No discurso de abertura, o economista falou em retomar a industrialização brasileira, reposicionar o país no mercado global, fomentar parcerias com países vizinhos e criar um "Eximbank" — um banco focado no fomento às exportações, visando retomar o financiamento de empresas brasileiras no exterior.
Na fala, Mercadante afirmou que o BNDES precisa adotar uma visão estratégica a longo prazo, com foco em exportações para além de commodities agrícolas. "Também produtos industriais de alto valor agregado são essenciais para o desenvolvimento do país", disse, citando que 98% do mercado está fora do Brasil.
"Precisamos ser mais competitivos. Competitividade e eficiência: essa é uma pauta fundamental para o futuro do BNDES e da indústria do Brasil", afirmou o novo líder da instituição financeira.
Mercadante falou sobre o papel do banco de apoiar pré e pós embarque das exportações de bens e produtos. "Estamos desenvolvendo um projeto para a execução de um 'Eximbank'". Na prática, isso significa a criação de um banco focado em fomentar exportação, buscando retomar o financiamento de empresas brasileiras no exterior.
Para o fortalecimento do Brasil no mercado, Mercadante defendeu a intensificação da parceria com países vizinhos. "Nosso desenvolvimento passa, necessariamente, pela integração da América Latina e parceria com países do sul global", completou.
Estiveram presentes na cerimônia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin (PSB), a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e a ex-presidente Dilma Rousseff.
Futuro no BNDES
Na fala, Mercadante afirmou que as micro, médias e pequenas empresas estarão no foco da instituição financeira. Segundo o presidente empossado, o apoio virá a partir do investimento de R$ 65 bilhões por meio de crédito indireto do banco e alavancagem via garantias para o crédito privado.
Para a área, o economista disse que é necessário debater junto ao Congresso uma agenda mais modernizante, com reduções de juros. "Não queremos e não estamos reivindicando um retorno ao padrão de subsídio do passado, mas uma taxa de juros mais competitiva, sobretudo para micro, pequenas e médias empresas."
Sobre a agenda ambiental e social, Mercadante frisou o papel do BNDES para alavancar a economia e proporcionar um crescimento de todas as camadas sociais, mas lembrou que é necessário que caminhe junto com a pauta verde, focando em tecnologias com baixa emissão de carbono. Ele lembrou que o Fundo Amazônia será gerido pelo BNDES.
Mercadante falou, ainda, em reindustrialização, transformação digital, reposicionamento do Brasil no mercado internacional e enfrentamento das desigualdades de gênero e de raça.
Equipe
Ressaltando a atuação de uma diretoria plural, Mercadante citou ter trazido para o BNDES "duas das quatro CEOs do mercado financeiro: Luciana Costa e Natália Dias".
A equipe conta com:
- José Luís Gordo, ex-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial
- Tereza Campello, ex-ministra desenvolvimento social e combate à fome
- Luiz Navarro, o ex-ministro da CGU
- Nelson Barbosa, ex-ministro de Planejamento e da Fazenda
- Walter Baere, ex-presidente do Conselho de Administração do BNDES e procurador federal da AGU
- Alexandre Abreu, ex- Banco do Brasil
A diretoria de Pessoas e Operações será chefiada pela economista e servidora da casa, Helena Tenório. O novo Conselho de Administração do BNDES será presidido por Rafael Luchesi, diretor-geral do SENAI. Também estarão no conselho: Carlos Nobre, Izabela Teixeira, Adésio Lima e Júlio Cezar, Jean Uema, Robison Barreirinhas, Clemente Ganz e Celso Amorim, ex-ministro e diplomata do Brasil.
Mercadante anunciou a criação da Comissão de Estudos Estratégicos. "Ela irá abrir o debate e convidar mais especialistas, intelectuais, pesquisadores e lideranças, resgatando o papel do BNDES sobre políticas de desenvolvimento para o Brasil", disse.
Os trabalhos serão coordenados pelo economista André Lara e por um servidor aposentado da casa, José Roberto Afonso. Também integram a comissão:
- Antônio Correia de Lacerda, ex-presidente do Conselho Federal de Economia
- Lavínia Barros de Castro, servidora do BNDES
- José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde
- Luiz Claudio Costa, ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa e ex-ministro interino da educação
- Élida Graziane, procuradora do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo e especialista em orçamento público.