A morte de uma menina de 8 anos no domingo (13) no Distrito Federal, após ter participado do chamado “desafio do desodorante”, acendeu o alerta de pais e responsáveis sobre os cuidados com as redes sociais. A Polícia Civil do DF investiga o caso. Sarah Raissa chegou a ser levada ao Hospital Regional de Ceilândia na quinta-feira (10) ao inalar o gás de um desodorante aerossol.A inalação fez com que ela tivesse uma parada cardiorrespiratória. Ela chegou a ser reanimada por cerca de 60 minutos, mas não apresentou reflexos neurológicos. A morte cerebral de Sarah foi atestada no domingo.Pediatra e coordenador da Emergência Pediátrica do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, Alexandre Nikolay explica que a reação é como um sufocamento com o gás aerossol. “O maior problema do desodorante é que ele tem substâncias químicas diversas, desde metais, álcool, fragrância e vários outros que podem causar uma lesão pulmonar. Quando o pulmão entra em contato com essas substâncias, ele inicia um processo inflamatório, que dificulta a troca de gases”, explica.Isso leva a uma disfunção do pulmão.“Essa inflamação pode levar a um broncoespasmo, que impede a troca adequada de gases. Ou seja, o pulmão retém o CO2 [gás carbono] e não consegue trocar pelo oxigênio, necessário para oxigenar o sangue. O tratamento é feito com máscara de oxigênio, ventilação mecânica ou em alguns casos com broncodilatadores, para tentar reverter o processo respiratório”, pontua.O pediatra alerta: é importante os pais estarem sempre atentos aos conteúdos acessados pelas crianças e adolescentes.“Usar programas e aplicativos que fazem a vigilância dos sites é muito importante. Outro ponto é conversar abertamente com os filhos sobre esses desafios, essas coisas que eles encontram na internet, para que eles sejam conscientizados. Alertar que isso coloca em risco a própria vida, são práticas nocivas que podem levar a morte”, ressaltou.Pelas redes sociais, logo após o episódio, uma das médicas que atendeu a menina alertou aos pais sobre o perigo e destacou que a criança não tinha comorbidades.“Uma menina de 8 anos, sem comorbidade, por conta de uma brincadeira de muito mal gosto. Então, mães, pais, fica o alerta para todos alertarem os filhos, explicar que esses desafios não podem ser feitos, se alguém encontrar um desafio desses faz uma denúncia”, alertou.Segundo a PCDF, o inquérito tentará esclarecer de que forma a criança teve acesso ao conteúdo do desafio e identificar os responsáveis por sua publicação. Os envolvidos poderão responder por homicídio duplamente qualificado (por emprego de meio capaz de causar perigo comum e por se tratar de vítima menor de 14 anos). A pena pode chegar a 30 anos de reclusão.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp