O ex-morador de rua Adeílson Mota de Carvalho, de 39 anos, que encontrou o estudante Felipe Dourado na Rodoferroviária de Brasília, se tornou marceneiro após a família do rapaz o ajudar a entrar em uma clínica de reabilitação para usuários de drogas. Em 2013, o estudante saiu de casa no Guará, região administrativa do DF, acompanhado do pai e da irmã. Ele entrou no centro universitário UniCeub, na Asa Norte, região central de Brasília, onde teria o primeiro dia de aula no curso de Educação Física e não foi mais visto. Só após 13 dias, depois que a família espalhou cartazes pela cidade e fez uma campanha intensa nas redes sociais, o rapaz foi encontrado por Adeílson. No momento do encontro, a família agradeceu e ofereceu uma recompensa em dinheiro para o morador de rua que não pensou duas vezes e recusou a quantia, mas pediu para ser internado em uma clínica de recuperação para dependentes químicos, pois não suportava mais viver dependente do crack, a droga que, segundo ele próprio, "acabou com sua vida". — Desde os nove anos que atuo com marcenaria, nunca matei ninguém, nunca roubei, nunca fui na delegacia para nada. Mesmo quando usava droga, nunca andava com ninguém porque tinha medo de me matarem, tinha medo deles. Sempre tive esperança de sair das drogas, mas não sabia como, estava jogado. Na hora que eu vi aquele rapaz, vi os repórteres chegando, eu pensei: chegou a hora de pedir ajuda. Ele pediu a tão sonhada ajuda e no ano passado conseguiu atingir seu objetivo: saiu da clínica recuperado e abriu uma marcenaria. O responsável pela clínica de reabilitação "Salve a Si", José Henrique França, de 40 anos, foi o primeiro a contratar os serviços de Adeílson. Ele conta que fez isso porque tinha total certeza do potencial dele como marceneiro. — O Adeílson foi excelente, foi um paciente compromissado, disciplinado, ético, responsável. Ele tem uma facilidade muito grande de ser honesto e se adequou bem ao tratamento e por isso está bem hoje, porque estava determinado a ficar limpo.Leia mais notícias no R7 DFR7 Play: Assista à Record onde e quando quiserNo Facebook, irmã de estudante encontrado após 13 dias desaparecido agradece apoio às buscas ao rapazVídeo mostra emoção da irmã ao encontrar estudante desaparecido há 13 dias no DF Um amigo de José Henrique viu os móveis que Adilson fez, se interessou e contratou os serviços dele. A casa era grande e o valor do lucro foi suficiente para que o marceneiro crescesse na profissão. Agora, Adeilson recebe de entre R$ 2 mil e R$ 5 mil com seu trabalho e se emociona ao lembrar das dificuldades que teve de enfrentar até ser um profissional de sucesso. — Eu estava na rua, machucado, sujo, maltrapilho mesmo. Eu estava escravizado pelas drogas, vivia para usar e usava para viver. Mas, graças a Deus, eu encontrei o rapaz e me internaram. Lá eu fui muito determinado. Agora eu casei, moro em São Sebastião e parei de usar drogas — conta orgulhoso.Entenda a história de Felipe Dourado, estudante que passou 13 dias desaparecido: