A FAB (Força Aérea Brasileira) interceptou mais de 4 mil aeronaves em cinco anos. A ação ocorre quando o avião não tem autorização para estar no espaço aéreo brasileiro ou apresenta um comportamento considerado suspeito. Segundo a Aeronáutica, os militares interceptaram 207 aeronaves em 2024, o que demonstra uma redução no número de ocorrências em comparação aos últimos anos (veja relação abaixo).Os estados com o maior número de interceptações em 2024 foram Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e São Paulo, sendo as principais razões para essas ações a identificação e averiguação de aeronaves suspeitas. “Por meio do emprego contínuo de radares, satélites e aeronaves especializadas, a FAB tem atuado de forma incisiva para coibir tráfegos aéreos ilícitos e garantir a segurança do território brasileiro”, explica a Força Militar.O coronel aviador Leonardo Venancio Mangrich explica que a queda no número de aeronaves interceptadas reflete a intensidade do trabalho preventivo e integrado entre os órgãos de segurança pública. “Temos utilizado uma ampla gama de meios e informações provenientes de diversos órgãos de segurança pública e fiscalização para identificar e agir contra tráfegos aéreos ilícitos de maneira preventiva. Ao focarmos em pontos estratégicos e utilizarmos dados de inteligência, estamos conseguindo diminuir a necessidade de interceptações, o que mostra que o trabalho preventivo está sendo extremamente efetivo”, disse.Veja o número de ocorrências por ano:Em um dos casos, um piloto da FAB interceptou uma aeronave que ingressou no espaço aéreo brasileiro vinda do Paraguai em abril deste ano. No áudio da cabine, é possível ouvir o militar comunicando que os pilotos deveriam realizar um pouso obrigatório em Londrina (PR). “Por determinação da defesa aérea, sua aeronave deverá efetuar pouso obrigatório no aeroporto de Londrina”, disse o piloto. Já em solo, a PF confirmou as suspeitas e encontrou 565,60 kg de cocaína. O piloto, habilitado desde 2021, foi preso em flagrante por tráfico internacional de drogas e encaminhado à Delegacia de Polícia Federal em Marília (SP).EtapasA interceptação começa com a detecção de uma aeronave não identificada ou suspeita dentro da Zona de Identificação de Defesa Aérea. O controle de tráfego aéreo, seja civil ou militar, tenta entrar em contato com a aeronave para determinar sua identidade e intenções. Se não houver resposta, ou se a resposta for considerada insatisfatória, são enviados caças interceptadores para identificar visualmente a aeronave.“A presença constante e estratégica dessas aeronaves, aliada a tecnologias avançadas, tais como a utilização de Inteligência Artificial (IA), permitiu uma redução significativa no número de aeronaves interceptadas. Essa queda, no entanto, não reflete uma diminuição dos esforços da FAB, mas sim a eficácia das ações preventivas e de dissuasão”, finalizou.Tiro de avisoSegundo a FAB, o tiro de aviso é a técnica utilizada quando o piloto não responde às tentativas de comunicação e continua a se comportar de maneira suspeita. “Este tiro é uma medida dissuasiva, destinada a mostrar à aeronave que ela deve obedecer às ordens emitidas. Este tiro é gravado e auditado para garantir a transparência e a conformidade com as leis em vigor”, afirma.Um dos casos deste ano aconteceu em janeiro, quando a FAB identificou um avião suspeito sobrevoando o espaço aéreo próximo à Terra Indígena Yanomami. Após o descumprimento das ordens do piloto da FAB, foi necessário que a defesa aérea realizasse o Tiro de Aviso. “A Polícia Federal realizou a apreensão da aeronave, e o piloto evadiu-se do local após o pouso”, disseram os militares à época.