Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Brasília

Família dos Estados Unidos adota cinco irmãos no Distrito Federal

Grupo de irmãos estava em um abrigo de Ceilândia e já embarcou rumo à nova vida nos Estados Unidos

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Grupo de irmãos, duas meninas e três meninos, foi adotado por uma família dos Estados Unidos
Grupo de irmãos, duas meninas e três meninos, foi adotado por uma família dos Estados Unidos

Após quatro anos de espera, um grupo de cinco irmãos do Distrito Federal foi adotado por uma família dos Estados Unidos. As crianças, que têm entre 5 e 13 anos de idade, estavam acolhidas na Casa da Criança Batuíra, em Ceilândia, mas já embarcaram rumo à América do Norte.

O casal de Massachusetts, uma professora de educação infantil e um analista de sistemas, já tem quatro filhos, três biológicos e uma adotada. Ainda assim, após conhecer a história e ver fotos dos irmãos brasileiros, não teve dúvidas quanto ao processo de adoção.

"A mãe e o pai se apaixonaram pelas crianças e estavam muito seguros da decisão. Eles já tinham adotado uma menina congolesa e gostaram da experiência", comenta a pedagoga Vânia Maria Valadão, da Comissão Distrital Judiciária de Adoção do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal). O processo de adoção das crianças contou com a atuação do organismo internacional Lifeline Children’s Services.

“Observamos que a experiência prévia da maternidade e da paternidade parece ter tornado o estabelecimento de vínculos mais fácil e natural. O casal demonstrou habilidade para atender às diferentes demandas que surgiram e ainda para conduzir as tarefas cotidianas, sempre de modo afetivo e disponível para a aproximação e vinculação com as crianças”, reforça a assistente social e secretária executiva da CDJA, Thaís Botelho.


Nem mesmo o idioma foi obstáculo para a adoção dos irmãos, apesar do receio inicial das crianças. Antes do contato com os pais americanos, eles passaram por preparação com psicoterapia e aulas de inglês. "Elas tiveram uma noção básica do idioma, mas também se comunicavam com mímica e apontando objetos. Os pais sabiam como tratá-los, sabiam que tinham que falar devagar, olhar nos olhos. Também tentamos passar para as crianças que quando temos amor, carinho e dedicação, a gente consegue se comunicar, sim, apesar do idioma", ressalta Valadão.

Processo de habilitação

Apesar da disposição, o casal precisou esperar o processo de habilitação para adoção nos EUA, pois a habilitação no Brasil somente pode ocorrer após o deferimento do pedido no país de origem. Eles esperaram quase dez meses para finalizar o processo.


Foram realizados 14 encontros de preparação no processo de adoção, antes da chegada dos adotantes, e outros dez durante o estágio de convivência com a família no Brasil. Essa é uma etapa importante para a transição do acolhimento institucional à vinculação a uma nova família, explicou Botelho. Um dos filhos do casal, de 22 anos, também veio ao Brasil para o estágio de convivência.

A história da adoção inspirou a escrita do conto infantil Seguindo em Frente, de autoria de Thaís Botelho com ilustrações de Érika Duarte, dado de presente aos irmãos e sua nova família como lembrança de suas vivências no Brasil.


Adoção no Brasil

Atualmente, 29,7 mil crianças e jovens estão acolhidos em abrigos e orfanatos em todo o Brasil. No entanto, apenas 3,9 mil são considerados aptos para adoção, segundo os dados do SNA (Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento), mantido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Na outra ponta da história, estão 32,8 mil pretendentes habilitados a adotar uma dessas crianças.

A dificuldade, no entanto, está no perfil escolhido por quem deseja adotar. A maioria só aceita crianças com até 6 anos de idade; em contrapartida, a maior parte das crianças disponíveis, 1.100, é maior de 15 anos, e só 892 têm menos de 6 anos. 

"Essa adoção internacional foi muito importante para a nossa seção e para o DF porque foi inusitada, mas é importante dizer que o ideal seria que essas crianças conseguissem ficar no Brasil. No entanto, os brasileiros têm um perfil muito específico, ao contrário de estrangeiros, que estão mais dispostos a adotar grupos de irmãos, por exemplo", diz Valadão.

"Casais brasileiros, geralmente, exigem bebês recém-nascidos, de até 3 anos, e têm preferência por meninas brancas. Então a especificação é tão grande que fica muito difícil encontrar essas crianças no abrigo", completa.

Em 2021, de acordo com a VIJ, foram realizadas duas adoções internacionais de quatro crianças do Distrito Federal, ambas feitas por casais da França. Segundo o órgão, crianças brasileiras só são disponibilizadas para a adoção internacional quando as chances de conseguirem uma família no Brasil são consideradas pequenas.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.