Lula defende ampliação do Brics e inclusão de Arábia Saudita e Argentina no grupo de países
Presidente se diz favorável ainda ao ingresso dos Emirados Árabes Unidos no grupo de países emergentes, que se reúne este mês
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (2) que é a favor da ampliação do Brics, grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, para a inclusão de novos países em desenvolvimento, como Argentina, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
"Eu acho extremamente importante a gente permitir que outros países que cumpram as exigências dos Brics entrarem para os Brics. Do ponto de vista mundial, eu acho que os Brics podem ter um papel, eu diria, excepcional", disse ele em entrevista a correspondentes internacionais no Palácio do Planalto.
Entre os dias 22 e 24 deste mês, a cúpula do Brics vai se reunir em Joanesburgo, na África do Sul. Lula não disse se vai discutir a ampliação do bloco durante o encontro, mas destacou que a decisão de incorporar novos países depende do aval de todos.
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"Eu acho extremamente importante a Arábia Saudita entrar nos Brics. Acho extremamente importante, sabe. Acho extremamente importante os Emirados Árabes, se quiserem entrar nos Brics, entrar nos Brics, a Argentina. Obviamente que eu não decido sozinho, precisa todos os países decidindo isso", comentou.
Na entrevista aos correspondentes, Lula fez críticas a organismos internacionais que são compostos apenas por nações desenvolvidas, como o G7, grupo dos países mais industrializados do mundo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Segundo ele, é preciso que essas entidades sejam mais amplas.
"Espero que um dia as pessoas percebam que o jeito de discutir política no G7 está superado. É preciso abrir. Na verdade, o G7 nem deveria existir depois da criação do G20. As mesmas pessoas participam do G7 e do G20, então não sei para quê a continuidade. Mas as pessoas criaram um clube e querem participar e não sou eu que vou impedir."
Guerra na Ucrânia
Lula também falou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia e disse que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deveria ter evitado o conflito.
"Essa guerra se tivesse sido discutida no Conselho de Segurança da ONU, tivesse sido levada a sério e, se o Conselho de Segurança da ONU se comportasse como uma governança global, que respeitasse o coletivo dos países mundiais, possivelmente chegássemos à conclusão de que não tem que ter guerra, a Rússia não tem que invadir a Ucrânia", opinou.
Segundo o presidente, o Brasil "está naquele hall de países que está tentando procurar um caminho para que se possa utilizar a palavra paz". Ele ainda criticou os presidentes da Ucrânia, Volodmir Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin, por não buscarem um acordo para dar fim à guerra.
"Por enquanto, a gente não tem ouvido nem de Zelensky nem de Putin a ideia de que vamos parar e vamos negociar. Por enquanto, os dois estão naquela fase de 'eu vou ganhar, eu vou ganhar, eu vou ganhar, eu vou ganhar', enquanto isso as pessoas estão morrendo".