O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (28) as medidas econômicas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para cortar gastos e garantir o cumprimento do arcabouço fiscal. A isenção no Imposto de Renda, atualmente aplicada para quem recebe até R$ 2.824 por mês, vai passar a contemplar aqueles que ganham até R$ 5.000, como o petista prometia desde a campanha eleitoral. Para compensar a perda de arrecadação, o governo federal vai elevar a taxa paga por aqueles que recebem acima de R$ 50 mil. O pacote foi anunciado por Haddad em rede nacional nessa quarta (27).Lula chamou as medidas de “justiça social” e afirmou que a taxação dos ricos será feita com “neutralidade”. As iniciativas ainda precisam receber o aval do Congresso Nacional para entrar em prática. A expectativa é que comecem a valer a partir de 2026. A medida pode beneficiar cerca de 30 milhões de brasileiros, segundo a Unafisco Nacional, entidade que representa os Auditores Fiscais da Receita Federal.“Não é possível que os pobres sejam aqueles que pagam Imposto de Renda. E, ao mesmo tempo, a gente pegar aquelas pessoas mais ricas, sem nenhum abuso, com muita neutralidade, e a gente cobrar uma porcentagem daquilo que elas ganham, que é muito baixo. Ou seja, cobrar 10% de quem ganha R$ 50 mil, R$ 100 mil, R$ 200 mil, R$ 1 milhão é uma coisa muito tranquila”, declarou Lula, em cerimônia de assinatura de aditivo para obras da Transnordestina.O petista destacou, ainda, que as medidas vão ser aprovadas pelo Legislativo “no momento certo”. “Para que este país continue sendo um país de muita inclusão social e justiça social, para que a gente possa dar ao povo brasileiro o direito de viver com certa dignidade”, acrescentou.A ideia do Executivo é estabelecer uma alíquota de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês. O percentual de imposto vai aumentar de forma progressiva para quem ganha a partir de R$ 50 mil, até chegar aos 10% para quem tem renda acima de R$ 1 milhão. O aumento da isenção do IR deve custar R$ 35 bilhões aos cofres públicos.Na agenda seguinte, de lançamento do programa Periferia Viva, Lula voltou a defender as medidas de corte de gastos. “Estamos num processo político de fazer uma certa contenção de despesas, para a gente poder cuidar do Orçamento, senão chega no fim do ano o Orçamento não cabe as despesas que fizemos. E aí a gente é obrigado a comunicar os ministros: ‘Olha, não tem dinheiro’. E aí é uma guerra silenciosa contra o presidente: ‘Libera dinheiro’, e não tem. E a gente não pode gastar mais do que a gente tem no Orçamento, porque nós aprovamos um arcabouço fiscal e estamos aprovando uma série de medidas de contenção, de moralização”, afirmou.O presidente aproveitou para ressaltar a necessidade de rever o pagamento de benefícios sociais para zerar as irregularidades. “Ninguém tem o direito de receber direito a que não tem direito. Ninguém pode ser malandro a ponto de receber um benefício a que não tem direito. Estamos tentando fazer um processo de investigação, quem está recebendo corretamente e quem não está, para a gente poder moralizar o país e o dinheiro dar para cuidar de todas as pessoas”, completou Lula.