O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira (31) que o crime organizado pode se infiltrar na política e na administração pública “logo, logo” se não houver uma política de combate “definitiva”. Em reunião para apresentação da PEC (proposta de emenda à Constituição) da segurança pública, Lula afirmou que a ampliação do crime organizado pode ser “incontrolável” se não houver discussão ampla sobre o tema.“Tenho tido preocupação com os concursos públicos, porque logo, logo o crime organizando vai estar participando de concurso, vai estar indicando juiz, procurador, político, candidato. E essa é uma coisa que é quase incontrolável, se a gente não montar um pacto federativo que envolva todos os poderes da Federação e todos que estão envolvidos direta ou indiretamente nisso”, destacou o presidente. A reunião começou por volta das 15h30 nesta quinta (31), no Palácio do Planalto, em Brasília. Há representantes de 24 unidades federativas, com 21 governadores e vice-governadores e três secretários (veja a lista completa de presença abaixo). Apenas Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Norte não mandaram ninguém. Lula afirmou que os governadores não serão “censurados” nos encontros para discutir o tema.“Queria que essa reunião fosse uma reunião em que os governadores não tivessem nenhuma preocupação de falar aquilo que entenderem que devam falar. É uma reunião em que não existe censura nem impedimento de cada um dizer o que pensa e acha que é a verdade, e sobretudo fazer alguma proposta de solução para a gente dar encaminhamento a esse assunto”, acrescentou.O presidente declarou que o crime organizado tem conseguido emplacar cargos eletivos. “Sei que cada governador tem seus problemas e soluções, mas o que a gente está notando, efetivamente, é que o crime organizando está crescendo, as organizações nas cadeias estão crescendo. Quando se fala em Comando Vermelho e PCC, eles estão em quase todos os estados, disputando eleição, elegendo vereador, quem sabe indicando pessoas para usar cargos importantes nas instituições brasileiras”, apontou o petista.Lula também afirmou que há conivência do Judiciário. “Tem governador que tem muita queixa do Poder Judiciário nos estados, porque, muitas vezes, a polícia prende o bandido e, no dia seguinte, ele está solto. E, às vezes, ocorre que o bandido quer ficar onde quer e escolhe, inclusive, a cadeia que quer ficar. E muitas vezes no estado o desembargador que vai tomar a decisão manda o bandido para a cadeia que ele quer ficar”, continuou o presidente.