O ministro da Defesa, José Múcio, enviou um ofício à Polícia Federal para pedir os nomes dos militares que teriam se encontrado com o hacker Walter Delgatti Neto ao longo do ano passado. O pedido foi feito depois que Delgatti Neto disse à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro que visitou o Ministério da Defesa ao menos cinco vezes no ano passado, segundo ele a mando do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para pôr em prática um plano de divulgar à população questionamentos sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro. Bolsonaro nega as acusações feitas por Delgatti Neto. Nas idas à Defesa, o hacker disse ter sido recebido pelo ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira e se encontrado com a equipe técnica da pasta. Delgatti afirmou, ainda, que orientou o relatório feito pelo ministério sobre o sistema de votação. "Posso dizer que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse", afirmou ele aos parlamentares. O referido relatório sugere dúvidas sobre o sistema eleitoral, já que diz não ser possível atestar a "isenção" das urnas. Essa foi a primeira vez que a pasta fez um documento do tipo. Até então, as Forças Armadas apenas participavam da logística do processo eleitoral. Nesta segunda-feira (21), o advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, disse ao R7 que Delgatti Neto era orientado a entrar pelas portas dos fundos do Ministério da Defesa e a usar máscara de proteção para evitar ser identificado. A informação foi revelada em depoimento do hacker à Polícia Federal na sexta-feira (18), um dia após o interrogatório na CPMI. No novo depoimento à PF, Delgatti confirmou a versão dada à CPMI. Os investigadores querem provas por meio de imagens das entradas de Delgatti na Defesa. Por isso, ele detalhou a forma com que entrava no local. Segundo ele, ao passar pelos fundos, não havia o registro formal exigido na portaria. Ele também usava máscara de proteção por orientação da equipe de Bolsonaro, mesmo sem haver obrigatoriedade do uso e como uma forma de dificultar a identificação. Na avaliação do advogado, essas informações trazem mais elementos para a investigação e corroboram para mostrar que Delgatti "está falando a verdade". Moreira alegou que a versão do hacker tem se mostrado consistente e faz com que Bolsonaro e a deputada Carla Zambelli (PL-SP) voltem atrás de versões anteriormente apresentadas. "Antes negavam pagamentos, o encontro no Palácio, as idas à Defesa, a invasão ao sistema do CNJ [Conselho Nacional de Justiça]. Isso tudo se confirmou", afirmou Moreira. A defesa do ex-presidente Bolsonaro chamou as declarações do hacker à CPMI do 8 de Janeiro de "falsas e totalmente desprovidas de qualquer tipo de prova". Em nota, os advogados informaram que vão adotar "as medidas judiciais cabíveis".