Um levantamento do TCU (Tribunal de Contas da União), apresentado na última semana, mostrou que as mulheres, apesar de serem maioria na sociedade, ainda ocupam menos cargos de liderança no serviço público federal. Segundo o documento, as mulheres estão em 41,6% das posições de baixa/média liderança e 40,5% das de alta liderança. No entanto, sua participação cai para apenas 25,8% nos cargos de natureza especial, aqueles considerados de confiança. No serviço público federal, como um todo, os homens são 54,6% dos servidores e as mulheres, 45,4%. Para comparação, na sociedade, elas são 51,5% da população e eles, 48,5%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo o TCU, apesar do cenário, as práticas de incentivo à participação feminina nos cargos de alta liderança na esfera pública ainda “são pontuais e incipientes”. Por isso, a corte de contas recomenda que os órgãos públicos fortaleçam suas políticas de equidade de gênero. Uma das políticas citadas no relatório que pode ajudar a mudar esse cenário é o CNU (Concurso Público Nacional Unificado), que, segundo o TCU, “pode contribuir para a maior inclusão de mulheres e de grupos em situação de vulnerabilidade”. Na seleção do ano passado, o relatório cita que, observou-se que de 56,2% dos candidatos são do sexo feminino, conforme dados do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos).No entanto, apesar desse dado positivo, o resultado do CNU não foi como esperado. Segundo os dados disponibilizados pelo MGI, 63% dos aprovados foram homens e 37% mulheres. No sábado (29), a ministra Esther Dweck disse que esses dados preocupam ela. ”Quando analisamos os blocos separadamente, vemos uma distorção alarmante. Enquanto nas carreiras sociais e educacionais as mulheres são 60% dos aprovados, em TI esse número despenca. Isso reflete um problema estrutural que começa nas escolhas profissionais e se perpetua nos concursos", disse. Segundo ela, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) junto ao MGI está investigando as causas desse desequilíbrio.O TCU ainda ressalta que é preciso uma abordagem “transversal” do tema para poder resolver esse problema. “Para enfrentar esses desafios, é imprescindível a formulação de políticas e orçamentos adequados, além de uma atuação integrada e multinível, considerando a natureza transversal do tema. A transversalidade se baseia no princípio de que as desigualdades entre homens e mulheres permeiam todas as esferas da sociedade e da governança, tornando necessário que essa questão seja abordada em diversos campos sociais”, diz. O levantamento ainda mostra que no Congresso Nacional, elas representam menos de 20% dos cargos eletivos, enquanto no legislativo municipal ocupam apenas 26% das vagas. Nos cargos executivos municipais e estaduais, sua presença é ainda menor: 12% e 7,4%, respectivamente.Quanto ao próprio TCU, a presença feminina diminuiu entre 2017 e 2024, passando de 30,8% para 26%. Apesar disso, a presença delas em cargos de alta liderança aumentou de 12,3% para 32,6%, no mesmo período. Segundo a corte, o resultado foi possível devido à implementação de políticas de equidade de gênero desde 2021. Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp