O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (9) que os países da América Latina e do Caribe usem moedas locais nas transações comerciais internas. O petista também afirmou ter interesse em colocar o Brasil novamente em um convênio de pagamentos recíprocos da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração), do qual o país abandonou em 2019. O presidente destacou, ainda, a importância de fortalecer as instituições financeiras regionais. Lula discursou na 9ª Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em Tegucigalpa, capital de Honduras.“Para ampliar nosso intercâmbio, meu governo está determinado a reativar o Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos da Aladi e a expandir o Sistema de Pagamentos em Moeda Local. Integrar redes de transporte, energia e telecomunicações reduz distâncias, diminui custos e incentiva sinergias entre cadeias produtivas. O Brasil vem impulsionando cinco Rotas de Integração Sul-Americana, que vão unir o Caribe, o Atlântico e o Pacífico. Fortalecer as instituições financeiras regionais, como a CAF [Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe], o Banco de Desenvolvimento do Caribe e o Fonplata [Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata], é fundamental para garantir que esses projetos saiam do papel”, afirmou Lula, em discurso lido.O Sistema de Pagamentos em Moeda Local é administrado pelo Banco Central brasileiro em parceria com os bancos centrais argentino, uruguaio e paraguaio. O mecanismo permite que exportadores e importadores dos países membros façam as operações comerciais nas moedas locais, sem necessidade de recorrer a um terceiro câmbio — normalmente, o dólar. O sistema fica responsável por efetivar a conversão, por meio de uma taxa própria.O objetivo do mecanismo é ampliar a integração financeira e econômica dos países. Com o modelo, o exportador pode determinar os preços na moeda do próprio país, sem ficar exposto a variações nas taxas de câmbio. Assim, há a certeza de que vai receber o valor negociado na sua moeda.O Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos da Aladi é assinado por 11 bancos centrais — Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e República Dominicana. Em abril de 2019, o Banco Central do Brasil retirou o país do convênio.Segundo a Aladi, por meio do modelo, “são cursados e compensados entre eles, durante períodos de quatro meses, os pagamentos derivados do comércio dos países membros, de bens originários e de serviços efetuados por pessoas residentes (compreendidos em acordos celebrados por pares ou grupos de Bancos Centrais), de modo que ao final de cada quadrimestre (período de compensação) somente seja transferido ou recebido, segundo seja deficitário ou superavitário, o saldo global do Banco Central de cada país com o resto.”A pauta regional é uma das principais bandeiras do governo do presidente — o retorno do Brasil à Celac foi o primeiro ato de política externa de Lula na volta à Presidência da República, em 2023.Em janeiro de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro anunciou a saída brasileira do grupo. À época, o ex-presidente alegou a participação de ditaduras no bloco.Os países da Celac reúnem 670 milhões de habitantes, em uma área de mais de 22 milhões de km².Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp