O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou a cerca de 20 chefes de Estado e de governo, em cúpula virtual com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, que “negar a crise climática não vai fazê-la desaparecer”. A afirmação foi feita em discurso aos outros líderes, em reunião em que o presidente do Brasil também fez um apelo pela entrega das metas de reduções dos impactos climáticos, as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), que estão atrasadas desde fevereiro.“Negar a crise climática não vai fazê-la desaparecer. Precisamos assegurar que o multilateralismo e a cooperação internacional sigam como pedra angular da resposta global à mudança do clima. Apesar das investidas contra o Acordo de Paris, foi graças a ele que revertemos as projeções mais pessimistas de elevação da temperatura, que previam aumento de quatro graus até o fim do século. O planeta já está farto de promessas não cumpridas”, disse o presidente.Lula acrescentou que estamos a menos de sete meses da COP30 e que parece que o planeta está entrando “em território desconhecido pela ciência”. “O aquecimento global está ocorrendo em ritmo mais acelerado do que o previsto. Em 2024, a temperatura média da Terra ultrapassou pela primeira vez o limite crítico de um grau e meio acima dos níveis pré-industriais. Muitos ecossistemas, como as florestas, as geleiras e os mares, correm o risco de atingir um ponto de não retorno”, disse.Sobre as NDCs, Lula reforçou que este ano os países devem entregar as metas que guiarão as ações dos governos até 2035. “O Brasil apresentou sua NDC na COP de Baku. Prevemos redução de 59 a 67% nas emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia. Internamente, estamos formulando um Plano Clima que contemplará estratégias de mitigação, adaptação e justiça climática. Não se pode falar em transição justa sem incorporar a perspectiva de setores historicamente marginalizados, como mulheres, negros e indígenas, e sem considerar as circunstâncias do Sul Global”, observou.Lula defendeu que a “arquitetura de preparação das NDCs é suficientemente flexível para combinar metas ambiciosas e as necessidades de desenvolvimento de cada Estado”.“Os países ricos, que foram os maiores beneficiados pela economia baseada em carbono, precisam estar à altura de suas responsabilidades. Está em suas mãos antecipar metas de neutralidade climática e ampliar o financiamento até o objetivo de US$ 1,3 trilhão”, disse.Atualmente, 19 países dos 196 signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), entregaram as NDCs. O prazo inicial era fevereiro, mas foi estendido até setembro, por ainda faltarem muitas entregas.As NDCs são as metas determinadas por cada país para reduzir a emissão de combustíveis fósseis, como gás natural, carvão e petróleo, e limitar o aquecimento da terra a 1,5º, seguindo o Acordo de Paris.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp