Até 2022, ao menos 230 mil brasileiros moravam ilegalmente nos Estados Unidos, segundo estimativas do Pew Research Center, um centro de pesquisas apartidário. O índice representa um aumento de 130% se comparado a 2012, quando havia 100 mil brasileiros sem documentação no país. Apesar de não ter números recentes, o instituto, que diz usar métodos de pesquisa semelhantes ao do governo local, afirma que, de forma geral, a população de imigrantes não autorizados dos EUA provavelmente cresceu nos últimos dois anos.Os brasileiros fazem parte dos imigrantes que estão na mira do governo de Donald Trump, que prometeu medidas mais duras no sistema de entrada no país. Neste ano, desde a posse de Trump, o Brasil recebeu ao menos dois voos com deportados. Um deles ficou marcado pelo fato de 88 brasileiros terem chegado ao país com algemas nas mãos e nos pés.O Brasil é o sexto país com maior número de imigrantes ilegais nos EUA, ficando atrás apenas de México (6,9 milhões), El Salvador (750 mil), Índia (725 mil), Guatemala (675 mil) e Honduras (525 mil).Durante o ano fiscal de 2024 (entre 1º de outubro de 2023 e 30 de setembro de 2024), por exemplo, diariamente ao menos 88 brasileiros foram impedidos de tentar atravessar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos. A informação é do CBP (órgão de Alfândega e Proteção de Fronteiras) norte-americano.Ao todo, foram 32.130 brasileiros impedidos de entrar no país no período, valor apenas 1% menor do que no ano fiscal de 2023, quando 32.492 foram pegos nessa condição.Apesar da tensão com as políticas imigratórias de Donald Trump, os primeiros meses de governo do republicano barraram menos brasileiros que no início do ano passado, quando Joe Biden era o presidente dos EUA, o que pode ser explicado pela diminuição das tentativas dos imigrantes de entrar no país.Em fevereiro deste ano, por exemplo, 267 pessoas foram impedidas de entrar nos EUA. Em contrapartida, em 2024, o número foi de 3.324.O CBP aponta que houve uma redução de 71% em relação a janeiro de 2025, quando 29.101 estrangeiros foram apreendidos, e uma redução de 94% em relação a fevereiro de 2024, quando o governo apreendeu 140.641 estrangeiros.Segundo o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos, em apenas um mês, mais de 20 mil imigrantes ilegais foram presos. As prisões indicam um aumento de 627% nas prisões mensais em comparação a todo o ano de 2024, quando 33 mil prisões foram realizadas.Ainda de acordo com o governo Trump, das 32.809 prisões feitas nos primeiros 50 dias da administração do republicano, 14.111 eram de criminosos condenados, e 9.980 eram de pessoas com acusações criminais pendentes.No total, o Serviço de Imigração afirmou ter prendido 1.155 membros de gangues criminosas, valor quase três vezes maior que os presos durante o mesmo período de 2024, quando o total foi de 483 pessoas detidas.Dos imigrantes presos, 1.148 são brasileiros. A maioria foi detida em Boston, Miami e Newark, cidade em Nova Jersey. As causas das prisões não foram informadas.As prisões reforçam as promessas de campanha do republicano, que em apenas dois dias de mandato assinou uma ordem executiva para suspender a entrada de imigrantes ilegais pela fronteira sul, limite do país com o México.Na época, a Casa Branca justificou a decisão de Trump como forma de “proteger” os EUA e a população norte-americana de “invasões”. O presidente também restringiu o acesso a termos legais de imigração que permitiriam a permanência de imigrantes ilegais nos EUA, como a concessão de asilo.Além das detenções, recentemente, como um dos planos para resolver os documentos irregulares, Trump sugeriu vender um visto “gold card” por US$ 5 milhões em troca de garantir uma permanência no país. Segundo ele, a venda das cidadanias ajudaria a pagar as dívidas dos EUA.