Brasília Partidos tentam barrar medida que dá ao governo vantagem em julgamentos de matérias tributárias

Partidos tentam barrar medida que dá ao governo vantagem em julgamentos de matérias tributárias

As legendas Republicanos e PP alegam que a MP é inconstitucional e prejudica o contribuinte ao beneficiar a União em caso de empate

  • Brasília | Bruna Lima, do R7, em Brasília

Fachada da Superintendência da Receita Federal

Fachada da Superintendência da Receita Federal

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os partidos Republicanos e PP acionaram a Justiça, nesta segunda-feira (6), para derrubar a volta do voto de qualidade no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado à Receita Federal. As legendas pedem a inconstitucionalidade da Medida Provisória (MP) 1.160/23 do governo federal, sob a alegação de que a regra prejudica o contribuinte. 

"A ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Republicanos e PP visa voltar à normalidade no tema de julgamentos pelo Carf, já que precisamos de um país mais liberal", afirmou ao R7 o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP).

Na prática, o voto de qualidade desempata, a favor da União, votações nos julgamentos de matérias tributárias do Carf. Desde 2020, com a lei 13.988/2020 o instrumento foi extinto. A legislação definiu que, em caso de empate, a decisão seria em benefício do contribuinte. 

De acordo com a ação das duas legendas, a MP vai de encontro à lei, fazendo com que os presidentes de turma e de Câmara tenham o poder de desempate, beneficiando o governo. "A medida do governo também busca se sobrepor a um entendimento da maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que vê constitucionalidade e respeito às garantias fundamentais na extinção do voto de qualidade", completam os partidos. 

O Ministério da Fazenda alega que a retomada da regra é uma medida econômica para reequilibrar as contas públicas. Segundo a pasta, a estimativa é diminuir o déficit do PIB em 2,2% neste ano, o que equivale a cerca de R$ 242,7 bilhões. A decisão do Executivo desagradou ao mercado. Segundo especialistas, o retorno não deve trazer o impacto desejado, além de induzir um aumento de judicializações. 

Por outro lado, a medida atende aos interesses das Secretarias da Fazenda estaduais. Em nota divulgada no domingo (5), o Fórum dos Governadores alega que o voto de qualidade "ratifica o princípio constitucional da supremacia do interesse público sobre o particular". 

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), está otimista para a suspensão da MP. "Nada mais razoável do que levar em conta o que diz o Código Tributário Nacional e interpretar a lei de infração tributária de maneira mais favorável ao contribuinte", afirma. 

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