A Polícia Civil do Distrito Federal cumpre na manhã desta sexta-feira (28) 19 mandados de prisão preventiva e 80 de busca e apreensão contra um grupo criminoso que traficava drogas da fronteira para a capital do país. Nomeada de Operação Chiusura, os mandados foram cumpridos no DF, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Rondônia e Goiás.Além disso, a Justiça determinou o sequestro de 17 veículos e sete imóveis, incluindo uma casa de luxo em um condomínio fechado em Goiás.Dezenas de contas bancárias também foram bloqueadas, inclusive de uma fintech sediada em São Paulo que chegou a movimentar cerca de R$ 300 milhões em apenas três meses. Segundo os agentes, o grupo atuava com uma estrutura sofisticada e organizada, dividida em núcleos que operavam de forma coordenada em diversas regiões do país.Veja onde foram cumpridos mandados:Os traficantes compravam drogas na fronteira do país e transportavam as substâncias até o destino final. Eles também realizavam operações de lavagem de dinheiro.Alguns dos integrantes da organização criminosa vinculados ao núcleo do DF já haviam sido presos em fases anteriores da investigação que resultaram na apreensão de quantidades expressivas de maconha e cocaína. A partir dessas prisões, foi possível identificar as lideranças locais da facção, que utilizavam, de forma reiterada e estruturada, contas bancárias pertencentes a duas empresas como meio de dissimular e movimentar os valores do tráfico.Ambas as empresas são sediadas em Trindade (GO), a primeira no ramo de transporte de cargas e a segunda no comércio de peças automotivas, e estão sob administração de integrantes do chamado “Núcleo Goiás”. Esse núcleo é formado por um casal e o filho do marido, responsáveis pela circulação de valores milionários vinculados às atividades ilícitas da organização criminosa.A polícia destaca, por exemplo, que a empresa de autopeças foi criada com o uso de documentação falsa. Apurou-se, ainda, que o referido filho, mesmo com apenas 19 anos de idade à época, foi nomeado para o cargo de Assessor Parlamentar de Gabinete da Câmara Municipal de Goiânia, em dezembro de 2023.Alguns traficantes de Goiás estavam radicados em Maceió (AL) e mantinham a associação criminosa com um traficante internacional natural de Campo Grande (MS), identificado como líder de uma facção paulista. Esse indivíduo está preso na Bolívia desde 2023, quando foi capturado com granadas de uso restrito e uma aeronave carregada com cocaína.A organização criminosa comandada por esses indivíduos é responsável pelo fornecimento de entorpecentes ao Distrito Federal, inclusive no episódio em que a Polícia Rodoviária Federal realizou, em fevereiro de 2024, a apreensão de um carregamento de skunk no município de Ariquemes (RO). Na oportunidade, o condutor havia saído de Brasília conduzindo um caminhão-guincho adaptado com compartimento oculto para o transporte da droga.As investigações também indicam que familiares do traficante conhecido pelo codinome “Especialista”, residente em Mato Grosso do Sul, são utilizados como testas de ferro, e são as pessoas que recebem os valores dos traficantes do DF e do Núcleo Nordeste.Um desses familiares, identificado como suplente de vereador na cidade de Campo Grande (MS), ficou fora de circulação por aproximadamente dois meses, sendo seu reaparecimento público registrado apenas em janeiro de 2024. A estrutura criminosa integrada por esses indivíduos é informalmente referida por integrantes de outros núcleos como pertencente ao “Núcleo Sinaloa”, numa alusão à facção criminosa mexicana.Os investigados, segundo a polícia, estavam inseridos em camadas da sociedade de alto poder aquisitivo. O líder da organização do DF, por exemplo, tem uma fazenda dedicada à criação de gado leiteiro em Planalto e recentemente se mudou para a capital catarinense.Integrantes do núcleo financeiro em Goiás ostentavam imóveis luxuosos e diversos veículos de alto padrão. O núcleo nordestino residia em um apartamento de luxo no bairro de Ponta Verde, em Maceió. Já o núcleo do Mato Grosso do Sul mantinha significativos vínculos com o estado do Rio Grande do Norte, onde um dos investigados possuía uma pousada.A operação foi coordenada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado do DF e mobilizou cerca de 450 policiais, reunindo forças de segurança de diversos entes federativos em atuação conjunta. Participaram da ação policiais de Goiás, do Rio Grande do Norte, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, de Santa Catarina e de Alagoas, além da Polícia Penal do Distrito Federal e da Polícia Rodoviária Federal.Caso condenados, os investigados estão sujeitos ao cumprimento de penas que podem ultrapassar 30 anos de reclusão, em razão da prática dos crimes de integração em organização criminosa, tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro praticada de forma reiterada e estruturada, por meio de engrenagem criminosa voltada à ocultação de ativos ilícitos.O nome da operação, Chiusura, significa “fechamento” ou “encerramento”, em italiano. Segundo a polícia, no contexto da operação remete ao fechamento definitivo de um ciclo criminoso que perdurou por anos.