O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luis Gordon, disse ao R7 nesta quarta-feira (4) ser contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que dá ao Congresso o poder de vetar empréstimos do banco. Segundo ele, a proposta tira “competitividade das empresas brasileiras”. A PEC foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara nesta quarta. O texto do deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) estabelece que o Congresso precisa dar aval para que um bem ou serviço financiado pelo BNDES seja executado no exterior. A proposta passará, agora, por uma comissão especial antes de ser encaminhada ao plenário. Segundo Gordon, nenhum país que tem estrutura de financiamento público semelhante ao Brasil tem alguma medida parecida com o que está sendo proposto. Para ele, caso a PEC seja aprovada pelo Congresso, as empresas brasileiras perderão mercado, já que será muito mais burocrático conseguir o financiamento.“Nós queremos que as empresas exportem mais, e essa PEC vai na contramão. Se você rende para outro país, gera mais renda para o Brasil”, frisa. Ele usa como exemplo a Embraer, que tem 40% das exportações financiadas pelo BNDES.Os defensores da PEC argumentam que muitos dos financiamentos feitos pelo BNDES para obras em outros países, como Venezuela e Moçambique, não foram pagos. Sobre isso, Gordon argumenta que todas as ações do BNDES são respaldadas pelo fundo garantidor de exportações, que tem uma reserva de US$ 8 bilhões para cobrir inadimplências. Além disso, ele ressalta que o banco só financia empresas brasileiras.“O BNDES não financia país, só financia empresas brasileiras para exportar para outros países bens e serviços. O dinheiro entra em reais, gera emprego e renda. Isso melhora a indústria brasileira”, afirma. Apesar de tudo isso, Gordon afirma que não é contra o debate no Congresso sobre melhorias no processo. Mas ele defende que essa conversa seja feita por meio de um projeto de lei encaminhado pelo governo federal no ano passado. “Nós respeitamos o Congresso e achamos que é importante o debate”, diz.