A Polícia Federal enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um relatório no qual afirma que houve “falhas evidentes” da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no enfrentamento das manifestações de 8 de janeiro de 2023, especialmente pela “ausência inesperada” do ex-secretário e ex-ministro Anderson Torres. O ministro Alexandre de Moraes enviou o caso à PGR (Procuradoria-Geral da República), que pode pedir mais investigações, arquivar o caso ou apresentar uma denúncia. “As falhas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) no enfrentamento das manifestações de 08/01/2023 são evidentes, especialmente pela ausência inesperada de seu principal líder, Anderson Torres, em um momento de extrema relevância aliado a falta de ações coordenadas e a difusão restrita de informações cruciais contidas no Relatório de Inteligência no 06/2023 foram fatores decisivos que contribuíram diretamente para a ineficiência da resposta das forças de segurança”, disse a corporação. Segundo a PF, “a ausência de articulação e de difusão de dados comprometeu a capacidade de antecipar e enfrentar os atos de violência, revelando um despreparo que não pôde conter a escalada dos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023″.À RECORD, a defesa de Anderson Torres alega que ainda não teve acesso ao relatório policial, mas reforçou que Torres fez o papel dele enquanto secretário de Estado, deixando um Plano de Ação Integrada em reunião sobre as manifestações que já eram previstas para o dia 8.No início de outubro, a Justiça Federal suspendeu um processo administrativo disciplinar da Corregedoria-Geral da Polícia Federal contra o delegado por “indícios de irregularidades”.O procedimento foi aberto pela PF em 2023 para apurar possível omissão e negligência de Torres nos atos de 8 de janeiro. Neste dia, Torres era secretário de Segurança Pública do DF e estava viajando de férias com a família.Na determinação, a juíza alegou que há indícios de irregularidades no processo administrativo “que apontam para a suspeição do presidente da comissão processante, ou mesmo de todos os seus membros”.Entre os erros no processo, a magistrada citou que não faz sentido a Polícia Federal investigar Torres por suposta omissão ocorrida enquanto ele era secretário de Segurança Pública do DF.Além disso, ela destacou que o delegado escolhido como presidente do processo foi exonerado do Ministério da Justiça quando Torres assumiu a pasta. Dessa forma, a juíza opinou que o delegado não poderia atuar no processo devido ao passado dele com Torres.*Colaborou Natália Martins, da RECORD